Em Israel, o governo liderado por um obstinado e capturado por ministros conservadores está a cometer um crime contra a humanidade em Gaza, que poderá ser considerado de genocídio pelo Tribunal de Justiça Internacional, ou seja, um governo democraticamente eleito, procede na prática como um governo fascista.
Corroborando o que supra afirmei, hoje 29 de fevereiro, uma multidão de pessoas esfomeadas, sim porque os palestinianos são pessoas, que se acumulavam para receber ajuda alimentar e mitigar a fome, foram atacadas por tanques, atiradores e drones, que mataram cerca de cem pessoas e feriram 700, quando se acercavam dos camiões para satisfazer as suas necessidades básicas.
Este ato insólito que ocorreu no “check point” montado pelas Forças Israelitas e que materializa a separação entre o norte e o sul de Gaza, zona onde se concentram normalmente vários carros de combate e militares, que de acordo com as referidas forças, no desespero sentiu-se ameaçada e abriu fogo sobre civis desarmadas.
Um exército treinado e devidamente comandado, tem que ser disciplinado e ter regras de empenhamento, muito explícitas para não abrirem fogo contra civis desarmados que esfomeados corriam para os camiões, sob risco de comprometer definitivamente a já difícil operação militar, que está a escalar pela região, e que é de difícil compreensão pelas opiniões públicas ocidentais e por muitos governos, inclusive para os que o apoiam como é o caso dos EUA, que está a tentar a todo o custo, a negociar um cessar-fogo para a região.
Perante a rua árabe e persa, as democracias ocidentais que apoiam Israel, e a sua apregoada superioridade moral é posta em causa, pois consideram que o que apregoam de respeito pelos direitos humanos e pelo direito humanitário da guerra, na prática revela-se hipócrita, constituindo em si mesma um paradoxo insustentável, que as autocracias e teocracias da região certamente aproveitarão como arma de arremesso contra o Ocidente, e como propaganda interna.
Os custos políticos sobretudo para EUA são muito grandes, e estão a agravar-se cada dia que passa pois à vista de todo o mundo demonstram não ter nenhuma autoridade, nem influência sobre os seus aliados israelitas.
Nuno Pereira da Silva
Coronel na Reforma
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