Portugal contribuiu durante alguns anos, nas duas décadas passadas com forças para a UNIFIL no Líbano, normalmente oriundas da Brigada de Intervenção e da sua Unidade de Espinho, com uma companhia de Engenharia e 5 oficiais no seu Quartel-general, tendo as nossas unidades sido uma enorme mais-valia para o Comando da UNIFIL, nomeadamente na construção de infra-estruturas essenciais para o país.
É exatamente esta forca, a UNIFIL, que atualmente está barbaramente a ser atacada pelos Israelitas, que sempre desprezaram a ONU, pois esta sempre tentou, embora sem sucesso, intermediar os conflitos e as tensões existentes entre Israel e os árabes, que incluem os palestinianos e o Herzbollah, conflitos esses que nunca se resolveram com o uso da força, nem se vão resolver desta forma.
A UNIFIL, por sua vez, também nunca foi dimensionada para servir duma força de Imposição de Paz, ou como se diz na UE para efetuar operações de separação de partes pela força, ou seja, uma força com elevado potencial de combate, proteção, mobilidade, e apoio de fogos capaz de se impor no Teatro Operacional, com regras de empenhamento adequadas para cumprir essa Missão exigente, mas imprescindível para e vitar contendas, originadas pelas duas partes, Israel e Herzbollah, ou seja, nunca houve vontade por parte da Comunidade Internacional, para fazer cumprir efetivamente a missão.
Atualmente Portugal não participa na UNIFIL, mas por dever e por solidariedade com os Militares colocados nessa força, temos obrigação de condenar a ação Israelita onde participámos efetivamente, e não aceitar a habitual desculpa israelita, que na posição bombardeada, ou nas suas cercanias, se escondem terroristas, que mesmo sendo verdade, por puderem acertarem em soldados da ONU, não poderia nunca ser colocada em risco, ou seja, nunca poderia ser um alvo.
O desrespeito pela comunidade Internacional, que há pouco tempo, e em plena preparação da invasão do Líbano por parte de Israel, embora erradamente, a meu ver, decidiu manter a Força de Manutenção de Paz entre dois fogos, no Sul do Líbano, sem lhe alterar a missão e sem a capacitar, para no mínimo se proteger, é certamente um abominável crime de guerra.
Por sorte, ou por falta de militares nas fileiras, já não integramos a UNIFIL, pois neste caso o problema nāo é a falta de verbas para enviar uma força expedicionária para o Líbano, e mantê-la, pois a ONU tudo paga, e bem, para poder ter capacetes azuis, dado que não tem capacidades militares próprias, o que é uma grande lacuna da organização.
Nuno Pereira da Silva
Coronel na Reforma
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