Não sou especialista em economia, nem finanças, embora o seja em liderança, dada a minha formação inicial, e em política dada a minha última formação, pelo que vou analisar o pacote de apoio às famílias do governo, à luz do construtivismo e das teorias da liderança.
O discurso do primeiro-ministro António Costa, no lançamento do pacote de apoio às famílias efetuado na televisão, pretendia estabelecer uma narrativa capaz de influenciar o futuro, baseando-se o mesmo no apoio aos reformados que seriam, aparentemente, os grandes beneficiários do mesmo.
A comunicação ao país pelo próprio primeiro-ministro, foi efetuada de uma forma eficiente, e até que esta fosse posta em causa pelos analistas políticos e económicos, esta parecia ser credível, tendo mesmo entusiasmado os reformados, que de tão castigados que têm sido nos últimos anos, em termos de perca de rendimentos, pareciam à primeira-vista satisfeitos com a medida a eles referente, uma vez que o recebimento de meia-pensão em Outubro do corrente ano, parecia uma miríade, pois como diz o povo, “mais vale um pássaro na mão do que dois a voar”.
Uma análise mais fina do discurso, colocou em causa este aparente “bodo-aos-pobres” tendo mesmo revelado que a narrativa construtivista, não era mais do que um novo corte nas suas pensões futuras, apresentado como uma medida de apoio, um embuste portanto.
O embuste, quando descoberto, foi inicialmente negado pelo governo, até que se tornou impossível continuar a nega-lo, tendo o governo de forma atabalhoada, ressuscitado o tema da insustentabilidade da segurança-social, para justificar o corte nas pensões futuras, que foram hipocritamente vendidos como o seu contrário.
António Costa perdeu perante grande parte dos reformados, credibilidade, ou seja, uma das condições essenciais para se ser um líder, o que leva a que no futuro terá de impor uma liderança mais autocrática, ao invés de ser um líder capaz de motivar e levar o povo a atravessar a crise que se avizinha.
Nuno Pereira da Silva
Coronel na Reforma
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