Geral Opinião

O ditador Putin exige a demissão de Zelensky para acordar a paz de forma definitiva

Putin é realmente um político muito hábil e manipulador, que está interessado em continuar a guerra até atingir, pelo menos, os seus objetivos mínimos publicamente declarados, que deduzimos serem menos abrangentes que os implícitos, embora expresse publicamente o seu contrário, conseguindo dessa forma, sem dizer formalmente que não às pretensões de paz de Trump, na prática age de forma contrária.

A última proposta que apresentou, como pré-condição para iniciar negociações conducentes ao estabelecimento de um acordo de paz, foi a de que a Ucrânia fosse previamente governada, por um período determinado de tempo pela ONU, que de encarregaria de realizar eleições, que elegessem um novo Presidente para o país, pois de acordo com a sua opinião, que vem expressando repetidamente há vários meses, Zelensky não tem legitimidade para continuar à frente dos destinos da Ucrânia, devido ao facto do mandato para o qual foi eleito já ter terminado, pois na sua aceção provavelmente teria mais vantagens e concessões, se o líder ucraniano mudasse, e de preferência para alguém que de sua confiança que pudesse manobrar.

Esta ilegitimidade, que proclama é uma ingerência inaceitável nos destinos do país que invadiu, depois do seu testa de ferro ter sido deposto, na sequência da revolução popular tida na Praça Maidam, às quais se seguiram umas eleições livres e justas, que elegeram Zelensky, que apesar de ter terminado formalmente o seu mandato, este tem sido prolongado por decisão do atual parlamento, que alega ser impossível efetuar novas eleições livres e justas, num país em guerra, e que por esse facto vive num estado de exceção, para além da complexidade em as realizar, uma vez que atualmente a Ucrânia tem milhões de refugiados espalhados pela Europa, fugidos da invasão russa.

Putin, velha raposa, conseguiu de tal forma convencer Trump desta ilegitimidade, que ele já, por várias vezes a assumiu como sua, e nessa lógica, este  tem repetidas vezes mimoseado Zelensky, tratando por ditador.

Esta argumento de Putin contra Zelensky, é mais um paradoxo provindo de um Presidente ditador, que se mantém no poder com atos eleitorais falseados à partida, dado que as eleições na Rússia não são nem livres nem justas, e que para as poder disputar teve de alterar a Constituição da Federação Russa, e concomitantemente prender  e mandar liquidar todos os eventuais candidatos que lhe possam  fazer frente. Um ditador eleito ilegitimamente desde o início, “in ilo tempore”, afastando num golpe de estado palaciano o seu patrono e Presidente da Federação Boris Yeltsin, quando era primeiro ministro, paradoxalmente não tem nenhuma legitimidade para afirmar que um Presidente eleito do país que está a invadir não tem legitimidade para com ele negociar.

Este anúncio de condição previa para acordar a paz, foi feito, alegando que tinha por base um “paper” já discutido no Parlamento Europeu, que apesar de ter consultado as atas das sessões deste, não encontrei em lado nenhum, pelo que deduzo que seja uma alegação falsa.

Nuno Pereira da Silva

Tags