Ontem Putin falou de civilização para afirmar implícita e explicitamente, que a Rússia era atualmente a Guardiã da Civilização dita Ocidental, baseada nos valores cristãos e contrária às novas ideologias que a querem ferir de morte como a ideologia de género, e tudo o que esta trouxe de disruptivo na Europa, em que as famílias tradicionais tinham sofrido um ataque.
Este discurso conservador nada tem de comunista, pois a religião como ópio do povo, conforme definiu Marx, deixou de ser perseguida na Rússia, para passar a ser fundamental e um dos suportes do regime autoritário russo, ou seja, Putin e terrou definitivamente o Marxismo, colocando-o na gaveta da História.
A geração que me precede, a geração dos meus filhos, educada na escola e bombardeada diariamente nas TBs, com a ideologia de género, os casamentos gays e com a possibilidade de se assumir o género desde a instrução básica, e que pôs de lado alguns valores e mesmo a religião, não se revêm neste discurso de Putin, no entanto ele colhe apoio e concordância dos sectores mais conservadores na Europa e nos EUA.
Há até quem defenda que a revolução cultural que se está a dar no Ocidente e defendida acerrimamente pela extrema-esquerda é uma nova forma de dar uma nova roupagem à ideologia marxista, e de perseguir a religião e os valores que esta propala.
A defesa dos valores cristãos, que a Europa inclusiva rejeitou mencionar no Tratado de Lisboa como um dos pilares, juntamente com a cultura greco-latina, parece estar agora a ser defendida pelo nosso antigo e atual inimigo, a Rússia, com um discurso que colhe frutos em África e nos países árabes, nos sectores conservadores europeus e americanos, foi uma forma inteligente de iniciar o seu discurso, embora muito perigosa, pois com esse discurso tenta subverter a legitimidade da guerra a seu favor.
Nuno Pereira da Silva
Coronel na Reforma
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