O Primeiro-Ministro de Israel vai à ONU afrontar o mundo e os países que apoiaram recentemente a formação do Estado da Palestina. É uma afronta dupla: aos Estados e à própria Assembleia Geral, que deveria ser o farol da paz. Mas, por forças invisíveis do Conselho de Segurança, qualquer tentativa de paz fica paralisada pelo veto das potências vencedoras da II Guerra Mundial.
Desde a sua criação, a ONU só cumpriu verdadeiramente a sua missão num breve intervalo: do fim da Guerra Fria até à ascensão de Putin. Fora isso, a paralisia tornou-se regra, uma constante que as potências não permitem romper.
Legitimado por Trump, Netanyahu prepara um discurso de propaganda e de guerra. Segundo informações disponíveis, será transmitido com alto-falantes para Gaza, para que todos ouçam a sua visão do futuro da guerra. Um ato indecente, de intimidação e desmoralização, contra o Hamas, da Irmandade Muçulmana, cujo sacrifício é guiado pela fé e pela promessa do paraíso.
Um líder narcisista, semelhante a Trump, apenas assiste. Os civis, já sem esperança, suportam o peso da propaganda, enquanto a violência se normaliza e a diplomacia se mostra impotente.
É quase inacreditável que tal aconteça à vista de todo o mundo.
Nuno Pereira da Silva
Coronel na Reforma

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