Na Ericeira, o dia amanhece frio e assim continua pela tarde dentro, mas o céu está azul. As ruas, ao dobrar dos sinos, vão acumulando gente, cada rosto uma história, um sentimento, uma vida.
Uns olham com fé, olhos fixos na imagem que avança, acompanhando a procissão com devoção silenciosa. Outros, mais curiosos, observam de longe, interrogando os passos dos fiéis, tentando entender o que os move. Há também os que, com um olhar mais crítico, desvalorizam o momento, talvez questionando as tradições, ou apenas o que está a acontecer naquele momento. E depois, os que simplesmente vieram para ver, sem mais, sem menos, apenas para sentir o pulsar do dia e a tradição de um povo.
Os bombos avançam com um ribombar enérgico a cruzar a multidão, abrindo caminho para o que lá vem.
Nas varandas, rostos que se inclinam, acenam ou apenas observam, em silêncio, com respeito pelo que vai passando. Pelas ruelas na retaguarda da procissão, o som da banda marcando o ritmo da solenidade, mistura-se com o murmúrio das conversas.
Entre movimentos compassados e preces, os olhares cruzam-se, alguns de fé, outros de dúvida, uns de curiosidade, outros apenas pela graça do momento. Mas todos, de alguma forma, fazendo parte do mesmo cenário, nesse dia de festa na Ericeira.
Fotografias e texto de Carlos Sousa/ KPhoto
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