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O dia da mãe não é festivo para as mães cujos filhos estão envolvidos nas guerras 

Fonte: José Luis Gonzalez (Reuters)

O dia de ontem, dia 4 de maio, é um dia terrível para as mães, que têm os filhos envolvidos diretamente nas guerras, que ocorrem um pouco por todo o mundo, e para as mães de famílias de civis, que são direta ou indiretamente afetadas pelos ataques, que vitimam os seus filhos, ou que os torturam pela fome, como no caso da guerra em Gaza, que a transformou, novamente, numa arma de guerra, qual cerco medieva, mães essas que de certeza não vão festejar.

Na Ucrânia há uma proposta unilateral, por parte de Putin, tal como houve na Páscoa, para que haja uma trégua de três dias, alegando querer comemorar o dia da vitória da Rússia, contra os Nazis na II Guerra Mundial, com a usual grande parada militar, para o mundo ver o seu enorme poderio militar, que paradoxalmente não é suficiente para vergar a Ucrânia. 

Esta pausa na guerra, proposta por Putin, tem em vista dois objetivos, evitar, que a Ucrânia ataque as Forças Russas, que estarão aglomeradas  em zonas de reunião perto de Moscovo, para poderem efetuar a tradicional parada do dia da vitória, dia 9 de maio, e que a mesma decorra sem sobressaltos, bem como permite que nesse intervalo de tempo, em termos operacionais a Rússia possa movimentar forças, para reajustar o seu dispositivo, para cumprir os seus objetivos planeados com sucesso. 

Se eu fosse político ou comandante ucraniano, nunca aceitaria esta trégua de três dias, pois se tivesse possibilidades, seria nesses dias que aproveitaria para atacar as Forças Russas concentradas para a parada, um objetivo estratégico e remunerador, bem como não permitia que as Forças Russas se reajustassem no terreno, para prosseguir a sua ofensiva, a não ser que também precisasse de reajustar o meu. 

No caso da guerra em Gaza, hoje, dia da mãe, os reservistas foram chamados novamente às fileiras, para que Israel continue o massacre em Gaza, e destrua o Hamas, como diz o primeiro-ministro, ou para libertar os reféns, como diz o comandante das IDF, objetivos que na minha opinião, são contraditórios, pois os ataques indiscriminados com fogo indireto não escolhem os alvos e vitimam tanto os membros do Hamas, como civis, bem como reféns. 

Com a mobilização dos reservistas, as mães israelitas, dos soldados mobilizados, as mães dos reféns israelitas, e as mães dos civis palestinianos, de certeza, não vão querer festejar esse seu dia. 

Nuno Pereira da Silva

Coronel na Reforma

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