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O conflito no Médio-Oriente, algumas razões que condicionam a política de Israel

Foto: EBC

A Identidade de Israel obriga-os a serem implacáveis com o outro.

O território de Israel desde os finais do século XIX , início do Sionismo, que tem sido repovoado por cidadãos de todo o mundo, na diáspora há séculos, cuja única relação que têm em comum é o de professarem a religião Judaica, ou seja, qualquer pessoa que tenha um documento passado por uma entidade religiosa Judaica, pode pedir a nacionalidade de Israel.

Sendo o fator religião o principal fator aglutinador do país, é natural que a religião tenha muito peso internamente, muito embora a Juventude já nascida no país, mais recentemente, esteja como no Ocidente a ficar cada vez menos religiosa e mais agnóstica.

O outro fator aglutinador relevante é a memória histórica da perseguição que lhes foi movida ao longo de séculos pela religião que professavam, muito em especial nos países cristãos, embora estes deles dependessem financeiramente para os sustentar, pois os Imperadores de Roma, o Papa e a Igreja que liderava, não permitiu durante séculos, que os Cristãos fizessem negócios de venda do dinheiro a crédito, e outros negócios lucrativos, por os considerar pecado.

A guerra movida aos Judeus durante séculos forjou-lhes por isso uma identidade muito peculiar, de resiliência à adversidade, de autodefesa, por terem que se defender contra os que os ameaçavam, e de entreajuda, o que se reflete atualmente na Política de Israel, quer interna, quer externamente.

Israel é atualmente um estado democrático, no entanto a atual liderança política , está a ter uma deriva autoritária, em que contra tudo e contra todos, está a levar o país a não negociar, nem internamente nem externamente qualquer acordo político, algo que as autocracias nunca querem fazer, pois não admitem opiniões divergentes das suas, o que gera tensões internas e externas como as que estão atualmente sucedendo no território de Israel, não obstante na presente situação de guerra estes estejam momentaneamente unidos na adversidade política.

Sendo a geopolítica Israelita muito baseada na religião, ou seja, no antigo Testamento, que apresenta Deus como um castigador, que eliminou Sodoma e Gomorra do mapa por pecarem moralmente contra Deus, aliada à identidade dos Judeus, forjada na adversidade, leva a que as respostas externas sejam de uma grande magnitude, para eliminar todos os adversários do povo eleito, que vive na terra prometida por Deus.

Desconheço se o conflito na Região do Médio-Oriente, que dura há séculos, alguma vez venha a ter solução pois na região há várias etnias, várias tribos, com distintas religiões que internamente, quer externamente, algo de difícil perceção no Ocidente, que ignora a diversidade de visões e de interpretações distintas entre a religião Islâmica, entre os diferentes credos sunitas, e os diferentes credos xiitas, ou seja, tal como os cristãos os Islâmicos estão profundamente divididos, a exemplo de outras religiões monoteístas, e que embora haja algumas afinidades entre elas, é muito o que as diferencia, facto que contraria a visão simplista do Ocidente veiculada nos OCS, que olha para o mundo Islâmico e os divide de uma forma maniqueísta entre sunitas e xiitas, entre bons e maus.

Nuno Pereira da Silva
Coronel na Reforma

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