Geral Opinião

Na guerra os valores devem sobrepor-se aos interesses

Foto: Vermelho

Nesta guerra na Ucrânia onde se jogam, acima de tudo, interesses geopolíticos antagónicos, como em todas as guerras, o acesso informação, e aos media que a produzem, normalmente  são controlados, ou mesmo proibidos, quer internamente, quer externamente, pois informação “latus sensus” é poder, e é algo que não interessa que seja disseminado urbi et orbis.

Tivemos a informação que alguns media portugueses, entre os quais se incluía o Expresso, tinham sido recentemente  proibidos na Rússia, e logo houve uma reação por parte dos jornalistas portugueses, que se atiraram sem pudor à autocracia Russa por não permitir a liberdade de imprensa, algo que é comum em todos os regimes autocráticos e que os define, paradoxalmente nada, ou muito pouco, disseram quando na UE foi proibido o acesso a todos os canais de TV russos, bem como a outros media, os dois pesos e duas medidas da nossa Democracia Europeia, que fez esse corte na informação do seu adversário, desde o início do conflito.

Senão houver informação livre e senão se der possibilidade de se aceder ao contraditório, para que se possa formular uma opinião sustentada, qualquer dos lados do conflito pode manipular os seus cidadãos, algo que na UE democrática é intolerável, pois como dizia Churchill na II Guerra Mundial, senão estivermos a lutar pelos valores em que acreditamos, não vale a pena lutar, sendo que os valores se devem sempre sobrepor aos interesses, por muito que isso custe.

Nuno Pereira da Silva
Coronel na Reforma

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