Ouvi incrédulo a notícia que, a Câmara Municipal de Lisboa, liderada por Fernando Medina, o Delfim de Costa e putativo candidato presidencial, terá fornecido à Embaixada da Rússia em Portugal, os nomes e moradas dos três cidadãos que organizaram em Lisboa uma manifestação anti Putin.
Não consigo classificar a ignomínia deste ato, pois não existem vocábulos capazes de o fazer, sem recorrer ao português mais vernáculo, que por respeito a mim próprio e aos meus leitores me recuso a utilizar.
Considero o sucedido um total ato de desrespeito pela Carta Universal dos Direitos do Homem, e pela própria Constituição da República Portuguesa, que no seu ADN, ou seja, no espírito do legislador, foi bastante lata no respeitante aos direitos, liberdades e garantias de quem cá nasceu, vive e trabalha, facto que manifestamente não foi respeitado neste caso particular
Um país democrático e um estado de direito, como Portugal se orgulha de ser, nunca entrega os dados relativos aos adversários políticos de um ditador, sobre pretexto algum.
Putin, o Czar da Rússia da contemporaneidade, é um perigoso ditador, fascista, que ao pedir estes dados via Embaixada, tem intenção de os utilizar contra os próprios, mesmo que estes residam em Portugal ou contra as suas famílias, que ainda habitem na Rússia, porque essa é a sua forma de se manter no poder, utilizando a força do estado contra os seus opositores.
É preciso apurar responsabilidades sobre o caso, analisá-lo, ver aonde houve falhas, quem prevaricou e puni-los disciplinar ou criminalmente se for caso disso, no entanto Medina tem da assumir a sua responsabilidade política, e naturalmente deverá, em consciência, demitir-se.
Nuno Pereira da Silva
Coronel de Infantaria na Reserva
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