O partido de Marine Le Pen, a sucessora de seu pai Jean Marie Le Pen, à frente da Frente Nacional, após ter moderado suavemente o discurso do seu progenitor, e mudado o nome do Partido para Rassemblement National, conseguiu que este atualmente esteja à frente das intenções de voto dos franceses.
Marine Le Pen está no entanto a sair de cena, após ter nomeado Bardella, como cabeça de lista do partido às últimas eleições legislativas, pois a sua pretensão atualmente, não é a de ser líder do governo francês, mas ser candidata às futuras eleições Presidenciais.
A sua estratégia para conquistar o poder parece ter falhado, dado que está a ser arguida e julgada por corrupção em França, acusada de ter usado indevidamente verbas de fundos europeus, em formações, alegadamente não realizadas, em benefício do seu partido, algo gravíssimo não só judicialmente, mas eticamente, num partido que fez, desde a sua fundação, do tema da corrupção, uma das suas bandeiras mais emblemáticas para conquistar o poder, à semelhança de todos os partidos desse espetro político por toda a Europa.
Esta incoerência entre o que se proclama e defende e a sua atuação na prática, em caso de condenação, retirará, toda a credibilidade, ao seu discurso, e às suas posições políticas, que muito influenciaram a atual legislação francesa e europeia, no sentido de investigar prioritariamente os crimes de colarinho branco, e de os penalizar com penas mais pesadas.
Ao contrário dos EUA em França um arguido não pode concorrer em eleições, ou seja Le Pen não pode, na atual condição, fazer o que Donald Trump fez, nos EUA, ou seja o de concorrer, a eleições presidenciais, ser eleito, e inexplicavelmente limpar o seu registo criminal e inclusive abular todos os processos que contra ele correm nos tribunais americanos, após as eleições, algo que muito abona a democracia francesa, quando comparada com a dos EUA.
Bem prega frei Tomás, faz o que ele diz, mas não faças o que ele faz.
Nuno Pereira da Silva
Coronel na Reforma
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