Geral Música

“Manifesto” de Iúri Oliveira no Museu Nacional da Música em Mafra

Domingo ao final da tarde, o renovado Museu Nacional da Música, em Mafra, converteu-se num templo de ressonâncias profundas com o concerto de Iúri Oliveira e a apresentação ao vivo e a solo do seu álbum solo “Manifesto”.

Desde o primeiro momento, a percussão de Iúri não soou como simples ritmo, soou como libertação. No Salão Imersivo, cada tambor, cada textura, cada pausa revelou-se um gesto de um ritual, um mapa sensorial que atravessava o corpo e os sentidos.

A plateia, cercando-lhe os instrumentos num ambiente intimista, foi convidada a entrar num círculo de escuta e presença, transformando o concerto numa experiência quase espiritual.

As paisagens sonoras que ecoavam, de peles, águas, silêncios e ecos pareciam atravessar continentes para além da sala: África, Brasil, Europa, memórias antigas e pulsações dos nossos quotidianos.

Manifesto não é apenas mais um disco de percussão; é uma viagem interior, um encontro com o ritmo primitivo e a adrenalina moderna.

Quando as luzes se apagaram e o silêncio tomou conta da das colunas de som, ficou uma certeza: Iúri Oliveira não fez apenas um concerto, lançou um repto a escutar com o corpo e todos os sentidos e Mafra escutou. O Museu, celebrando o seu novo ciclo, ganhou uma vibração vital, a de Manifesto.

Fotografias e texto de Carlos Sousa/ KPhoto