Esta nossa crónica semanal teve na sua génese o facto de no estacionamento do renovado Hotel Castelão, ora Mafra Hotel, ter sido colocada uma enorme estátua dum cavalo em Liberdade, o que me levou a tecer algumas considerações sobre a secular tradição equestre desta vila.
Em 1840, sob o reinado de D. Fernando, é criada a Real Coudelaria de Mafra que se manteve na Tapada até à sua extinção em 23 de Setembro de 1859.
A 8 de Setembro de 1859, em virtude da impossibilidade de manter, em termos de custos, a coexistência das coudelarias de Alter-do-Chão e de Mafra, foi decretada a extinção desta última. O gado cavalar e bovino seria distribuído pela Tapada de Mafra, coudelaria de Alter e reais cavalariças de Belém, sendo o excedente vendido em hasta pública. Os respectivos terrenos e oficinas seriam entregues à Vedoria da Casa Real.
Desde 1890 que a primeira Tapada esta sob administração militar, tendo em 1911 sido fundado o Depósito de Remonta e Garanhões, que dá lugar, em 1950, à Escola Militar de Equitação e sete anos mais tarde ao Centro Militar de Educação Física, Equitação e Desportos, que em 1993 passou a designar-se por Centro Militar de Educação Física e Desportos, a 1 de outubro de 2013, na sequência da unificação das diversas escolas práticas das armas do Exército numa única Escola das Armas, foi criada a Coudelaria Militar na Dependência dessa mesma Escola.
A Reprise de Mafra, ou Escola de Mafra foi criada no inicio dos anos 50, tendo sido, para o efeito pedido à Escola de Saummur em França apoio técnico. A Escola de Mafra tem sido desde então uma embaixadora do Exército e da vila de Mafra em todo o mundo.
Com toda esta tradição equestre parece-nos importante que no futuro esta vertente da Vila de Mafra venha a ganhar a importância que merece no panorama equestre nacional e na Vila, dado que em termos de património ainda existem na Coudelaria Militar as históricas cavalariças do tempo da Real Coudelaria de Mafra, que merecem ser dignas de visita, bem como existe um incomensurável património imaterial de conhecimento equestre, que não se pode perder sob o risco de ser impossível o voltar a reaver, conhecimento esse que foi transmitido de geração em geração, tanto a militares como a civis durante décadas por inexistência de outra escola nacional de equitação em Portugal com doutrina, procedimentos e método.
Parece-nos que para futuro seria importante: voltar a repensar colocar e centralizar a Escola Nacional de Equitação em Mafra. Escola que desde a sua criação se encontra dispersa por todo o território nacional sem funcionar eficientemente em termos de formação de profissionais de equitação em quantidade e qualidade, tão necessários e importantes para o desenvolvimento da equitação nacional; bem como colocar Mafra no calendário das provas internacionais de obstáculos, que têm o seu apogeu no nosso país em Maio e Junho e que se realizam em Lisboa , Cascais e Vimeiro, provas essas que normalmente são difundidas por todo o Mundo.
Nuno Pereira da Silva
Coronel de Infantaria na Reserva
Foto da estátua do Mafra Hotel de Arnaldo Batalha
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