Geral Opinião

Líbano a invasão que se segue

De acordo com informações que disponho, de pessoal libanês a trabalhar na ONU, estes manifestaram-me o seu receio de que Israel invada o sul do Líbano e atinja os milhares de refugiados palestinianos que vivem nos campos apoiados pela instituição, que vivem sem esperança e sem qualquer meio de subsistência nesse território, à espera de algo que não é possível, com traumas psicológicos e psiquiátricos enormes, ou seja, à espera do retorno à pátria que também reclamam como sua.

O Hezbollah acabou por ter um reação contida à morte de um dos seus comandantes, porque não querem escalar a guerra, pois têm receio de uma nova invasão do seu país, por parte de Israel, que resulte, à semelhança do passado, em mais uma perda de território libanês, que é um país soberano muito dividido, mas que com o grupo não se confunde, embora os tolere, pois os terroristas do Hamas para além dos atos contra Israel, com apoio do Irão no internamente efetuam uma grande ação social no país e nos campos de refugiados palestinianos, onde granjeiam, grande simpatia, malgrado os refugiados sejam sunitas e o Hamas ser xiita.

O governo do Líbano e todas as instituições governamentais é composto por elementos cristãos de que os drusos fazem também parte, por elementos sunitas apoiados pela Arábia Saudita e por xiitas apoiados pelo Irão, de acordo com as percentagens das diferentes populações existentes no território, que embora não seja atualizada há décadas por dificuldades operacionais, ou por obstrução de alguns grupos que temem perder poder, constitucionalmente continuam a determinar que o primeiro-ministro seja sempre sunita, o Presidente da República Cristão, e o do Parlamento seja sempre xiita, algo que faz com que as instituições dificilmente funcionem, pois acabam por neutralizar-se, ou seja, fazendo com que o Líbano seja na prática um Estado-falhado.

A França poderá ser um país com alguma influência na região, porque ter ocupado parte do país em auxílio dos cristãos, e por antes da independência ter sido o país administrativamente responsável pela região, assim como a vizinha Arábia Saudita que há pouco tempo se deu ao luxo de prender o primeiro-ministro libanês em visita oficial ao país.

Os libaneses têm receio duma invasão de Israel pois desde o início do confronto em Gaza que Israel, através do Ministro da Defesa e do Chefe do Estado-maior da IDF, publicamente afirmaram que o conflito subsequente seria no Líbano, pelo que esperam o pior no final deste, pois normalmente uma ameaça de Israel é sempre concretizada.

Numa derradeira tentativa de evitar a invasão eminente, o Conselho de Segurança da ONU, anunciaram que iriam estender o prazo da missão de paz no norte do Líbano, no entanto senão for modificado o estatuto da Força, a sua composição, missão e organização não será possível realizar uma missão de separação de partes pela força, algo mais conducente com a atual situação.

Nuno Pereira da Silva
Coronel na Reforma

Tags