Ao assumir o nome de Leão XlV, o novo Papa pretende voltar a recentrar o desenvolvimento da sociedade e da política, no homem e na sua dignidade em termos de direitos humanos, direitos à segurança, mas sobretudo direitos de acesso ao trabalho, à semelhança do que fez Leão Xll noutro contexto, que com a sua encíclica marcou toda a sociedade e toda política europeia, ao inspirar a definição programática dos partidos Democratas Cristãos Europeus, que têm alternado no poder com os Partidos Sociais Democratas na Europa.
A doutrina social da Igreja, quando surgiu opunha-se ao Capitalismo desregrado e injusto por não se preocupar na distribuição da riqueza, hoje o neoliberalismo económico, e opunha-se ao marxismo, que colocava no centro da sua luta contra o capitalismo, o fim da propriedade privada, a economia coletivizada e de planeamentos quinquenais rígidos, colocando o ênfase na luta de classes como motor da história, com os resultados catastróficos que se viram no Leste Europeu e China, quando os levaram à prática.
Noutro contexto histórico com o advento da robotização e da Inteligência Artificial, que irão provocar a curto-prazo, grandes problemas sociais, com os problemas que estas irão levantar ao nível do trabalho, sempre visto como uma santificação do homem comum pela Igreja, pois este, ou a falta deste, irá ser cada vez maior, por ser muito mais especializado, porque muitas das tarefas repetitivas a nível industrial, o que inclui o agroindustrial, bem como ao nível dos serviços, todos eles efetuados até à atualidade pelo homem comum, deixarão de ser necessários, inclusive na guerra com o advento dos drones.
Os mais otimistas, que não querem prospetar o futuro, afirmam que tudo se resolverá, como nas revoluções anteriores. Os menos otimistas, mais racionais e responsáveis, estão em reflexão para determinar as consequências desta revolução tecnológica, mas sobretudo a sua resolução que este advento tecnológico irá causar no trabalho, na sociedade e na política, que vai ter de os mitigar, ou se possível, resolver.
Sem grandes ideias sobre o assunto, perguntei à Inteligência Artificial se me podia dar algumas pistas, sobre como iria ser o trabalho, as remunerações das pessoas, a distribuição da riqueza no futuro, as reformas, a segurança social, enfim expus algumas das minhas angústias, e fiquei abismado com as respostas vagas, embora todas elas apontassem para o trabalho criativo, para o trabalho voluntário, para o trabalho até hoje, normalmente pouco ou nada remunerado. A IA foi-me respondendo, e sugerindo algumas soluções vagas. tais como a necessidade dos estados concederem subsídios à maioria da população, que dificilmente arranjará trabalho, pois o pouco trabalho que haverá, exige novas competências, mais conhecimentos, a que a maioria das pessoas não terá acesso, ou por incapacidade intelectual, ou por não poder aceder ao ensino superior, que também terá de ser todo repensado.
Uma das soluções que preconizo, pode ser semelhante à que Portugal tem conseguido estabelecer com a Volkswagen, pois com ela têm vindo a estabelecer um contrato social, que tem garantido empregos, em troca de alguns benefícios, pois como sabemos os carros Lexus já há mais de vinte anos que são fabricados, sem qualquer intervenção humana.
Esta nova realidade exige também da Igreja uma grande reflexão, se quiser continuar a marcar a sociedade, e ajudar a resolver os problemas terrenos do homem, no seu caminho para a eternidade, ou seja, é necessária uma nova doutrina social na era da Inteligência Artificial.
Parabéns ao novo Papa, espero que seja capaz de participar ativamente na reflexão que tem de ser feita, nesta nova revolução que só agora começou.
Nuno Pereira da Silva
Coronel na Reforma

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