Estão reunidos no Hotel da Penha Longa em Sintra, até amanhã, todos os governadores dos bancos centrais da Zona Euro, sobre a batuta de Lagarde, a sua Presidente, que entre outros temas estão a discutir as eventuais descidas das taxas de juros, que aumentaram exponencialmente no último ano, tendo passado de uma percentagem negativa até aos 4,5% ao ano, com o objetivo de fazer baixar a inflação para 2% na Zona Euro, estando esta a rondar atualmente os 2,5%.
Esta subida exponencial de juros sentiu-se na carteira dos clientes dos bancos, muito em especial para quem tinha contraído empréstimos para habitação com a taxa indexada à Euribor, deixando grande parte da classe média portuguesa em dificuldades, pois teve enorme reflexo no seu poder de compra, pois de repente os seus rendimentos baixaram drasticamente, devido à subida dos preços generalizada de todos os produtos de consumo, e simultaneamente, o acréscimo dos juros dos seus empréstimos, pois tiveram de disponibilizar uma verba maior para o pagar, numa espécie de duplo envolvimento no ataque coordenado à carteira.
Com a descida de inflação substancial que houve na média dos países da UE, que só foi acompanhada por uma descida única de 5 pontos percentuais, os bancos estão, como de costume, a ganhar muito dinheiro com a situação.
O grande problema do Banco Central Europeu atualmente, e que o faz não poder baixar mais os juros, que subiram rapidamente 10 vezes num ano, e paradoxalmente só ainda desceram timidamente 1 vez, é que este só o poderá fazer, se o presidente do Banco Central Americano, FED, também o fizer, caso contrário os capitais europeus que incluem todos os fundos de investimento, transferir-se-iam imediatamente para os EUA, para ganhar esse diferencial em juros.
No final da reunião de hoje do BCE, houve uma conferência de imprensa, com a Lagarde, o Presidente do FED, e o do Banco Central Brasileiro, seus convidados, tendo o Presidente da FED referido numa resposta a uma pergunta direta, que o seu país não ia baixar já as taxas de juros, o que implica consequentemente que Lagarde não vai poder baixar os juros na Zona Euro, mesmo que o quisesse, pois os EUA são a potência dominante do Ocidente alargado.
Nuno Pereira da Silva
Coronel na Reforma
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