Já começamos a estar habituados ao constante passa culpas entre os diversos responsáveis pelas instituições do estado que dirigem, ou sobre a qual têm responsabilidades e ligações hierárquicas formais ou informais, quando algo corre mal, cada um tenta tirar a água do capote, desresponsabilizando-se de tudo e de nada que o possa comprometer ou comprometer a instituição de que faz parte.
Como militar, aprendi desde os bancos da Academia Militar que o comandante é sempre culpado, pois é o responsável por tudo o que se passa na unidade que comanda, mesmo que diretamente a culpa não seja dele.
Com a fuga de João Rendeiro, para o Belize, fugindo a uma condenação já transitada em julgado, já ouvimos os governantes, os deputados e os juízes pronunciarem-se, não tendo até à data ninguém sido responsabilizado, a não ser o sistema, que na prática são todos e não é ninguém.
Não ouvi ainda ninguém referir a necessidade de se realizar uma auditoria para determinação de responsabilidades, para se instaurar um processo disciplinar aos eventuais responsáveis, ou para saber exatamente qual foi a falha do Sistema, não ouvi a tutela a chamar a si a responsabilidade política, não ouvi sequer um clamor da sociedade civil contra esta injustiça de não prender alguém que efetuou uma das maiores burlas do século, pois já estamos todos habituados a que a culpa morra solteira.
Nuno Pereira da Silva
Coronel de Infantaria na Reserva
Adicionar comentário