Desde a fundação do Estado de Israel, os israelitas têm recebido um apoio consistente dos governos e administrações americanas que ultrapassa meramente questões políticas estratégicas. Este apoio não resulta só do facto de judeus ocuparem cargos destacados em diversas administrações, áreas econômicas, financeiras e empresariais, com especial ênfase na imprensa, mas sobretudo porque o povo americano e suas religiões se identificam profundamente com o povo judeu.
Tal identificação origina-se numa perceção histórica e cultural partilhada: assim como os americanos migraram maioritariamente da Europa para uma terra habitada por nativos que tiveram de ser exterminados para se estabelecerem, também os israelitas foram para uma terra que tiveram de conquistar para aí se fixarem. Esta visão gera uma empatia que transcende interesses pragmáticos.
Adicionalmente, a religião tem um papel central neste apoio. Muitas igrejas nos Estados Unidos, mesmo as que se definem como cristãs, interpretam literalmente o Antigo Testamento. Eles vão além de uma simples fé e abraçam a convicção de que Deus concedeu a terra aos israelitas, não só a atual Israel, mas um território que se estende até ao Iraque. Esta crença religiosa fortalece as justificações para o apoio irrestrito a Israel e sugere que os objetivos do Estado israelita podem ir para além das fronteiras reconhecidas internacionalmente.
Este conjunto complexo de razões político-administrativas, econômicas, religiosas e culturais explica a persistência e intensidade do apoio americano a Israel, um fenómeno que influencia profundamente a dinâmica do Médio Oriente e as relações internacionais.
Nuno Pereira da Silva
Coronel na Reforma

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