Enquanto estivemos entretidos com Gaza, Israel tem entrado cada vez mais profundamente no interior da Cisjordânia, nela estabelecendo cada vez mais colonatos, sempre argumentando com a necessidade de se defender, e concomitantemente efetuou várias incursões dentro de alguns campos de refugiados, com a justificação de que neles estão terroristas instalados.
Estas duas atuações simultâneas têm sido sistemáticas, e aterrorizam as populações civis que moram na região mais rica da Palestina, que tem água do Jordão e terrenos mais férteis, que se vê quase impossibilitada de sobreviver em paz com os colonos armados, que, agora vivem ilegalmente nas suas terras, em que alguns estão inclusive localizados, em áreas que impossibilitam a eventual criação dum estado palestiniano porque dividem o território impedindo que o estado tenha continuidade territorial.
Vejo uma impossibilidade que num futuro próximo haja alguma forma de evacuar alguns colonatos , se houver necessidade de se devolverem as terras ilegalmente por eles ocupadas aos palestinianos para se cumprir o desidrato de constituir um estado palestiniano.
Para evitar a todo o custo a constituição dum Estado Palestiniano o governo de Israel tem estado a apoiar as estruturas clânicas tradicionais, inclusive em Gaza, para que no futuro esses clãs constituam pequenos emirados com o apoio de Israel. Esses pequeníssimos emirados, controlados por Israel, será a contraproposta que Israel dará à Comunidade Internacional, dizendo que esta é a vontade do povo da Palestina, que prefere as estruturas tradicionais à existência dum estado.
Esta solução tem um senão que é o facto de esses emirados, que já existem há séculos, serem profundamente religiosos, ou seja, Israel apostando neles, poderá estar a abrir um nova caixa de Pandora.
Claro que Israel já refletiu sobre o assunto, e de qualquer forma considera que, estes por serem desligados, uns dos outros, devido aos colonatos, nunca serão capazes individualmente se oporem ao governo legítimo de Israel, o que consubstancia na prática a velha expressão de dividir para reinar.
Nuno Pereira da Silva
Coronel na Reforma

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