Sei o que é viver meses à espera de ataques de mísseis e de foguetes, rockets, pois esse era o pão nosso de cada dia no Iraque onde estive em missão, pois diariamente as nossas instalações eram flageladas por essas armas, sendo normal ouvirem-se os alarmes, sinal de que algum engenho desse género tinha sido lançado contra os EUA e contra a NATO.
As primeiras vezes que soou o alarme ainda corri para os abrigos, poucos e normalmente longe das instalações onde habitávamos e trabalhávamos.
Ao fim de algumas semanas, no entanto, já nem me levantava do sítio em que me encontrasse, nem deixava de fazer o que estivesse a fazer, pois a maioria dos “Rockets” tinham origem em locais relativamente próximos das zonas de impacto, e por esse motivo o tempo de voo desde a sua deteção pelos alarmes, até ao local de impacto, era diminuto, e qualquer tentativa de fugir para os abrigos mais próximos seria infrutífera, pois ele rebentaria antes de conseguirmos eventualmente atingi-los, ou seja, facilmente seríamos atingidos sem qualquer proteção.
Durante a noite o que me descansava, e me embalava, era o som dos helicópteros a voar, que eram normalmente eficazes na deteção dos eventuais locais de aonde os projécteis pudessem eventualmente ser lançados, o que diminuia a possibilidade de haver um número maior de rockets no ar.
Consigo por experiência própria, por isso, perceber a inquietude dos Israelitas á espera dos ataques do Irão e do Hezbollah, e sei que os engenhos explosivos que vierem eventualmente a ser lançados lançados do Líbano, serão mais difíceis de serem destruídos em voo, porque esse tempo é exíguo, e sei bem que essa angústia permanente é difícil de gerir psicologicamente, e que haverá sempre esse receio, enquanto a paz não for atingida na região, ou seja tenho a certeza que todos os Israelitas querem a paz, e esperam que no final desta guerra sejam implementados os dois estados em Israel.
Nuno Pereira da Silva
Coronel na Reforma
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