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Hélio Fontão, uma história de heróis invisíveis

Quando fizemos a reportagem na Milha da Ericeira, já na fase final da prova e enquanto fotografava o esforço dos últimos atletas para terminarem a prova, eis que salta á minha atenção um episódio curioso, um nadador-salvador acompanhava afincadamente, como se de trabalho de equipa se tratasse, um jovem que apresentava alguma dificuldade física ao nadar.

O nadador era o Hélio Fontão, bombeiro da corporação da Ericeira, que se podia ter limitado a recolher o jovem para a mota de água e dar por concluída a sua intervenção. Mas tal não aconteceu, numa decisão solidária e de cariz humano muito forte, ajudou, acompanhou, incentivou e quando chegou à beira-mar, cumprimentou e deu um “empurrão” ao atleta que minutos antes apresentava sintomas de cansaço e hipotermia, de modo que este pudesse cortar a meta com a satisfação de quem conseguiu o objetivo a que se propunha.

Poderá o leitor questionar “e daí?” ou “não estava lá para isso?”.

A minha resposta é não e são ações destas, que homens como o Hélio levam a cabo diariamente na sua missão de bombeiros e que na maior parte das vezes nem são percetíveis a ninguém, mas que devem merecer o nosso reconhecimento e agradecimento.

Fui falar com este “herói invisível” que me contou alguns episódios como por exemplo o de uma jovem que salvou nas Furnas e que passados alguns dias o abordou na rua agradecendo-lhe o facto de estar viva. Quando lhe chamei herói, pura e simplesmente rejeitou o rútulo e disse-me em tom de brincadeira que “os heróis estão mortos, eu estou vivo e a minha missão é essa”.

Acabámos por abordar muitos outros temas relacionados com os protocolos que devem respeitar, formações que têm que fazer, treinos que fazem parte das rotinas destes homens e mulheres. Sabe o leitor por exemplo que tendo a época balnear acabado há relativamente pouco tempo, a próxima já está em preparação ou que existem projetos para que na próxima época possam existir desfibradores nas praias de modo a que possam ser evitadas mortes como a que aconteceu com o surfista da Ericeira?

Hoje ficamos por aqui, ficando a promessa de num futuro próximo fazermos um trabalho mais profundo sobre o trabalho, ideias, dificuldades e vontades destes homens e mulheres.

Até lá, fica o meu agradecimento a estes “heróis invisíveis”.

Texto e fotografias de Carlos Sousa/KPhoto