Com a morte do profeta Maomé, que não deixou explicitamente o nome de quem o deveria substituir deu-se o grande cisma do Islão entre os que seguiram Ali, casado com a filha Fátima de Maomé, e o seu fiel companheiro de armas, que com Maomé expandiu o território da sua tribo e conquistou Meca, Omar de seu nome, tendo Ali fundado o Xiismo e Omar o Sunismo, dois ramos diferentes do Islão que se odeiam entre si, embora o livro Sagrado, o Corão, bem como o livro que narra a governança da sua tribo e dos territórios que foi conquistando, que atualmente para os fundamentalistas do Islão querem pôr em prática, no século XXI, como a única lei nos seus territórios, conhecida pela Xaria.
Com a deposição do Xá Reza Phalevi no Irão, o grande aliado do ocidente no país, a Pérsia tornou-se uma República fundamentalista Xiita, tendo a partir da revolução demonizado os EUA, razão pela qual foi denominado, mais tarde, por estes como um dos países de eixo do mal, ou seja, um alvo a abater.
Os EUA depois da queda do xá, têm-se aliado preferencialmente na região do Golfo aos Sunitas da Arábia Saudita, o país que detém Meca como capital, fidalgal inimigo dos Xiitas do Irão, mas tão fundamentalista ou mais que este na interpretação do Corão e na implementação da Xaria, muito embora esteja a tentar atrair capital e turismo, sendo por esse motivo que está a implementar uma espécie de um país em dois sistemas, ou seja, duas leis diferentes, uma para ser aplicada nas cidades que está a construir para Ocidentais e outra para os Árabes. Por estranho que pareça com a invasão do Iraque os EUA tiraram Saddam do poder um líder Sunita e deram o poder aos Xiitas, unicamente porque Saddam tinha desafiado a administração americana ameaçando iniciar a venda de petróleo em euros ao invés dos dólares.
O Irão tem tentado expandir o seu poder na região, querendo chegar ao Mediterrâneo, e tem sido um dos grandes inimigos declarados de Israel na região, por este ser um protetorado dos EUA, e por desde a sua génese, se ter imposto pelos ingleses e pela força das armas, num território Árabe e, numa terra considerada Santa pelas três religiões monoteístas do mundo, e que atualmente está infelizmente a ser governada também por fundamentalistas religiosos, que tem optado por expandir o seu território na Cisjordânia, para evitar a criação dum estado palestiniano algo que em nada contribui para a paz.
O Hamas, que perpetrou um ataque terrorista hediondo em 7 de Setembro embora Sunitas, estão a ser apoiados pelo Irão, por terem um inimigo comum Israel e os EUA, algo que os junta conjunturalmente, ou talvez não só conjunturalmente se analisarmos o conflito tendo em linha de conta outra variável que é a irmandade muçulmana.
Nuno Pereira da Silva
Coronel na Reforma
Adicionar comentário