Não tenho o costume de analisar a política Portuguesa, não porque seja apolítico, embora continue a ser apartidário, porque gosto de ser independente.
As eleições presidenciais são uma exceção que hoje abro, nestas minhas crónicas diárias, porque tanto escárnio tenho visto e ouvido, desde que um militar português, conceituado na sua profissão, e com alguma notoriedade no meio civil, parece ter a intenção de vir a concorrer ao cargo mais importante da nação, a Presidência da República.
De acordo com as sondagens saídas esta semana, se o referido militar, se decidir a concorrer, ganhará as eleições numa segunda volta, contra todos os potenciais candidatos.
Todos, ou quase todos, os políticos e jornalistas, do potencial candidato, fazem comentários esdrúxulos, e pouco abonatórios a seu respeito, penso que por preconceito e desconhecimento da vida militar, que por regulamento nos impede, na vida ativa de nos filiarmos em partidos políticos.
A maioria dos comentadores refere desconhecer a sua ideologia, e as suas convicções partidárias, algo que é normal num militar disciplinado, a quem os regulamentos internos, as leis nacionais e a lei suprema da nação, a Constituição da Republica Portuguesa, nos impede de fazer.
Não conheço pessoalmente o Almirante, sei que como todos os líderes militares e civis, tem quem o adore e quem o deteste nas Forças Armadas, no entanto todos lhe reconhecem carisma no meio castrense, algo que parece ser transversal em toda a sociedade portuguesa, após o Covid.
Uma coisa é certa, é português, tem mais de trinta e cinco anos, uma preparação académica relevante, e serviu Portugal no território nacional, e em missões internacionais , sempre de uma forma exemplar, e que pelo facto de ser militar, na situação de reserva e de reforma, tem todo o direito de concorrer em eleições democráticas à Presidência da República como qualquer outro português.
Claro que sendo inteligente, culto e perseverante se vai preparar e estudar por forma a suprir algumas lacunas. que eventualmente tenha nalgumas matérias com que terá de lidar no futuro, se for eleito, bem como para debater com os seus futuros adversários.
Relembro uma frase emblemática de Francisco Lucas Pires, quando comentava o facto de até então, os Presidentes da República terem sido maioritariamente militares, desde a implantação da República, referindo que o povo português, já no regime democrático, votava sempre nos candidatos militares, porque o povo eram na sua essência monárquicos, e que à semelhança dos reis, os militares também podiam envergar um uniforme, ou seja, mesmo na Reforma o Almirante, como todos nós, ainda pode usar, por estatuto os uniformes de cerimónia, à semelhança dos embaixadores.
Ser militar não é uma vantagem, mas não pode ser uma desvantagem, e algo que os militares têm provado, desde que começou a guerra na Ucrânia é que estão muito bem preparados em Política Internacional, Relações Internacionais, Geoestratégia e Geopolítica, bem como na tática e logística militar, contrariando o preconceito de que os militares eram indivíduos incultos e fora do mundo.
Nuno Pereira da Silva
Coronel na Reforma
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