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Geopolítica em Transformação: O Fim de uma Hegemonia Silenciosa

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O primeiro livro de geopolítica que li, ainda cadete, deixou-me uma frase de Henry Kissinger sobre a perda, na década de 1970, de cerca de uma dúzia de Estados, incluindo as antigas colónias portuguesas, para a União Soviética. Na altura, a China não era ainda relevante.

Segundo dados recentes (2015–2025), os EUA sofreram perda de influência em África, Ásia Central e América Latina, mantendo domínio na Europa e Ásia Pacífico. A China cresceu significativamente entre 30 a 40 países sob sua influência com investimentos em tecnologia, infraestruturas e política, especialmente em África, Ásia e América Latina.

A Rússia expande-se pontualmente em África, via meios militares, mas perde terreno no Cáucaso e Ásia Central.

Os EUA ainda lideram, mas sua influência é mais contestada e regionalmente reduzida. A China é a segunda potência mundial, com dependência crescente do Sul Global. A Rússia mantém uma influência oportunista e regional.

Se a tendência continuar, os EUA perderão influência global, enquanto a China avança pela cooperação económica, tecnológica, diplomática e cultural, sustentada num soft power influenciado pelo Confucionismo, que valoriza harmonia social e ordem ética, diferente da abordagem ocidental.

Para conter essa influência, os EUA precisarão reforçar investimento financeiro e diplomático, mas políticas recentes como isolacionismo e redução de programas de ajuda dificultaram esse esforço.

A estratégia é inimiga do vazio e é nesse espaço silencioso que a China vai, grão a grão, fortalecendo sua presença.

Nuno Pereira da Silva

Coronel na Reforma