Restrições ao consumo de álcool e drogas são insuficientes
Os festivais de Verão são, muitas vezes, considerados um cenário ideal para o consumo de álcool e drogas por parte dos jovens adolescentes. Hugo Tavares, responsável pela Unidade da Adolescência do Hospital Lusíadas Porto, salienta o diálogo como uma ferramenta mais “eficaz” do que as leis e restrições de venda ou consumo.
“Os adolescentes passam por um período em que simultaneamente têm que descobrir/definir a sua identidade e conquistar o direito a gerir a sua autonomia. É, pois, uma fase em que são particularmente tentados a explorar novas sensações e procuram nos modelos mais próximos (amigos) um padrão de comportamento que os faça sentir integrados”, explica Hugo Tavares.
E acrescenta: “Sem dúvida que as saídas noturnas e os eventos de massas, de que são exemplo os festivais de música, potenciam a possibilidade dos jovens contactarem com todas as substâncias de abuso, quer pela disponibilidade, pelo contexto ou pelo momento, mas compete aos educadores preparar os jovens para essas situações, promovendo a sua resiliência e autoestima para não se sentirem tentados a dizer que sim e consigam dizer que não”.
O responsável pela Unidade da Adolescência do Hospital Lusíadas Porto, Hugo Tavares, destaca a importância de “falar do porquê das drogas serem atrativas e criarem dependência, das “boas” e “más” sensações de estar sob efeito de álcool e dos riscos do seu consumo”, uma medida que, de acordo com o especialista, “é certamente mais eficaz que muitas leis e restrições de venda ou de consumo, que esbarram no seu incumprimento generalizado, principalmente em contexto de eventos com grande número de participantes de todas as idades”.
Dados do último relatório do estudo Health Behavior in School Age Children (2010), que refletem a realidade dos jovens portugueses em idade escolar, apontam para uma taxa de experimentação do tabaco de 48% aos 16 anos; 42% dos jovens com idades entre os 12-13 anos já tinham experimentado álcool e 62% dos jovens com 14 ou mais anos já tinham ficado embriagados. No mesmo relatório, 10% dos jovens com 16 anos revelaram já ter consumido drogas, sendo o haxixe/erva as mais frequentes (8,8% do total da amostra)”, conclui.
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