Como consequência da guerra da Ucrânia, a China está a ter uma grande vitória na consecução de dois dos seus objetivos estratégicos, o de feudalizar a Rússia e o de enfraquecer a Europa.
Um Rússia enfraquecida, terá inevitavelmente de manter com a China uma relação de acomodação, muito longe duma relação de parceria estratégica entre potências, que embora desiguais, se complementavam em termos de capacidades militares, realizando formação em conjunto e amiúdes vezes manobras de treino, em áreas essenciais como a contribuição preciosa para que os porta-aviões chineses conseguissem atingir a “final operational capability”, pois não basta ter esse meio, é necessário saber operá-lo.
A Europa apesar de se ter unido politicamente contra a Rússia, demonstrou mais uma vez que, como dizia Bismark, “fazer diplomacia sem armas é o mesmo que tocar uma sinfonia sem instrumentos”, ou seja, demonstrou que sem a NATO e sem a força dos EUA, continua sem capacidades militares para se afirmar como uma potência e para se poder defender autonomamente.
Os EUA com esta guerra na Ucrânia, para além de quererem enfraquecer a Rússia, objetivo declarado pelo seu Secretário da Defesa em Ramstein, continuam, a tutelar a Europa, ou se quisermos, a Europa continua a ter uma relação de acomodação com eles, o que na prática consubstancia a comunhão de dois objetivos estratégicos com a China, pois ambas as potências querem uma Europa fraca, que lhes não faça frente, e uma Rússia enfraquecida.
Nuno Pereira da Silva
Coronel na Reforma
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