A nossa identidade está sempre relacionada a um sentido de pertença a uma determinada comunidade, à sua história, tradição e cultura, língua, entre outras.
Tendo estado em serviço no Iraque, constatei que no bilhete de identidade dos cidadãos Iraquianos, para além de constarem os dados que existem no nosso cartão de cidadão, constava o nome de família, a tribo a que pertenciam, a religião que professavam, a etnia e, por último, a nacionalidade.
A identidade muitas vezes vai-se forjando, em oposição à outras, a nossa identidade como nação foi forjada em oposição a Castela e posteriormente a Espanha, pelo que muitas as vezes a existência dum inimigo ou opositor externo pode ajudar à construção duma narrativa que fomente a criação duma nova identidade.
Há determinadas profissões como a que escolhi, em que o ser militar constitui um fator identitário forte, pois nela existe, porque nos foi incutida e paulatinamente solidificando através duma instrução dura e difícil, um espírito de corpo, essencial ao desempenho da nossa missão, que em último caso, exige o sacrifício da própria vida em defesa da Pátria e dos seus interesses.
Após o 11 de Setembro desloquei-me ao Pentágono em Washington D. C. ,em trabalho, e surpreendi-me ao ver a coesão dos cidadãos dos EUA, patente em todas as casas e automóveis, que ostentavam com orgulho a bandeira reagindo dessa forma em uníssono ao ataque terrorista, que tendo sido localizado , foi interpretado e bem, como um ataque a todos os americanos, independentemente do seu estado de origem.
Este sentido de pertença a uma determinada comunidade é algo que, infelizmente, ainda não vejo nos cidadãos da União Europeia, sendo em minha opinião, fundamental que esta venha a ser fomentada e desenvolvida, se queremos mesmo construir uma realidade política.
O ERASMUS tem sido um programa importante para fomentar esse sentimento de pertença, infelizmente muito limitado às elites universitárias, no entanto outros esforços têm que ser feitos nomeadamente na educação, onde têm que ser realçados os feitos comuns dos europeus, no desporto onde têm que começar a haver representações da EU, por exemplo nos jogos olímpicos, em vez de representações nacionais, entre outros domínios.
Caso não se consiga construir e desenvolver uma Identidade Europeia, dificilmente, se conseguirá almejar construir uma verdadeira União Política.
O caminho a percorrer neste sentido, ainda é longo, mas é essencial e necessário que se concretize.
Nuno Pereira da Silva
Coronel de Infantaria na Reserva
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