Donald Trump, depois de falar telefonicamente com Úrsula Van der Leyen, resolveu mais uma vez, adiar a imposição de tarifas de 50%, a todos os produtos importados da UE, de 1 de junho até 9 de julho, período em que vão continuar a decorrer as conversações entre ambos os interlocutores.
Fruto, ou não, das bolsas de valores terem caído nos EUA, desde o novo anúncio de imposição de tarifas aos produtos europeus, interessa-me realçar, que o Presidente dos EUA, foi finalmente obrigado, a falar com a Presidente da Comissão Europeia, instituição que tem desprezado desde que tomou posse, tentando sempre falar com os Estados membros individualmente em detrimento da UE, pois prefere contatos bilaterais do que multilaterais, nas suas relações com Estados terceiros.
O reconhecimento da UE, e da Comissão Europeia como contraparte negocial, era algo que mais tarde ou mais cedo teria de acontecer, dado que em termos de mercado comum, a Comissão Europeia tem um papel incontornável, pois todos os Estados membros, cederam voluntariamente a sua soberania nesta área à Comissão, e é precisamente nesta área que a UE é realmente uma potência económica, um verdadeiro gigante económico, desde a sua génese, e que posteriormente se tem vindo a integrar noutros domínios.
O grande problema para que eventualmente se venha a chegar a um acordo com os EUA, está relacionado com a regulamentação europeia, principalmente na área agroalimentar, que é muito rígida, não permitindo a entrada de produtos modificados geneticamente no espaço europeu, entre outras restrições, que talvez se possam dirimi, embora seja muito difícil.
Estas restrições têm-se mantido ao longo de décadas, tendo sido elas que, no Consulado de Obama, foram impeditivas para se ter assinalado, um tratado de livre comércio, proposto pelos EUA, embrionário do estabelecimento dum mercado comum com os EUA, algo que em meu entender teria sido muito benéfico, pois aprofundaria a aliança político militar, entre os dois Continentes, fortalecendo os laços transatlânticos.
Não prevejo, pelo acima exposto, grandes cedências por parte da Comissão em termos de princípios, pelo que talvez seja difícil que os EUA não venham a aplicar tarifas aduaneiras aos produtos europeus que entrem no seu território, a não ser que a UE ameace seriamente de cobrar tarifas recíprocas essencialmente sobre os serviços prestados por empresas americanas, no espaço europeu no âmbito das grandes tecnológicas, que têm neste âmbito, um dos seus maiores mercados, algo que seria muito prejudicial aos oligarcas, que apoiam e ajudaram a eleger Donald Trump pela segunda vez.
Nuno Pereira da Silva
Coronel na Reforma

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