Em vez de reciclar mais, Portugal está cada vez mais longe das metas. A taxa de reciclagem de resíduos urbanos rondou em 2020 os 16 por cento, revela a associação ambientalista ZERO. Um valor muito aquém do objetivo da Comissão Europeia: chegar aos 55 por cento dentro de três anos. Neste artigo juntamos algumas dicas e tiramos algumas dúvidas sobre a reciclagem.
Assinala-se hoje, 17 de maio, o Dia Internacional da Reciclagem que foi instituído pela UNESCO com o objetivo de despertar a sociedade para a necessidade de se refletir sobre as questões ambientais e sobre o consumismo.
Papel
Além da quantidade de árvores necessária para sua produção, seu desperdício pode gerar muitos problemas, como: servir de combustível para incêndios incontroláveis, liberação de dioxinas e metais provindos das tintas e revestimentos.
Dicas e Alternativas
- Use sempre os dois lados do papel
- Imprima só quando necessário
- Prefira o papel reciclado
- Use como rascunho os papéis que são entregues na rua ou folhas que já não tenham utilidade
- Separe os papéis, caixas e embalagens de papel para reciclagem
Contentor Azul
Colocar:
- Jornais e revistas
- Embalagens de cartão espalmadas
- Papel de embrulho
- Sacos de papel (limpos)
- Papel de escrita
Não colocar:
- Papéis e cartões sujos
- Guardanapos
- Papel de cozinha
- Autocolantes
- Fotografias
- Clips e agrafos
Plástico e Metal
O plástico, apesar de ser um material altamente utilizado e muito prático no nosso dia a dia, é um material que produz altos impactos do início ao fim. Difícil de ser compactado, este material ocupa muito espaço em aterros, além disso, possui um processo lento de degradação e decomposição, podendo durar mais de 100 anos. Além disso, a sua queima provoca a libertação de uma fumaça tóxica altamente prejudicial para o meio ambiente. Já o metal é um material de decomposição lenta e que ocupa muito espaço. A queima contamina as cinzas que podem se tornar tóxicas devido à concentração de metais. Além disso, não reduz muito o volume.
- Evite ao máximo o uso de sacos de plástico
- Leve os seus próprios sacos sempre que for às compras
- Reutilize o máximo de vezes possível os sacos e/ou embalagens plásticas. Potes ou garrafas podem ser usadas como contêineres para alimentos e bebidas
- Recicle, mas fique atento na hora de separar, pois latas que continham produtos tóxicos, como tintas, não podem ser colocadas na reciclagem com outros tipos de embalagens de metais. E procure lavar bem os materiais.
Dicas e alternativas
- Separe sempre o material para reciclagem
Contentor Amarelo
Colocar:
- Latas de bebidas
- Embalagens de cartão para alimentos líquidos (tetrapak)
- Latas de conservas
- Tabuleiros de alumínio
- Papel de alumínio
- Aerossóis vazios
Não colocar:
- Borrachas
- Couro
- Tachos
- Talheres
- Panelas
- Ferramentas
- Eletrodomésticos
- Seringas
- Têxteis
Vidro
É necessário ter atenção com a sua reciclagem. Não polui o solo, água ou ar, e não se decompõe e nem se desfaz na queima, podendo apenas derreter. Na maioria dos incineradores, é necessário a triagem dos vidros para evitar problemas operacionais.
Dicas e alternativas
- Reutilizar sempre que possível
- O vidro é 100% reciclável, isto é, uma garrafa de vidro pode se transformar em outra garrafa novinha sem perda de qualidade. Recicle sempre e procure separar vidros coloridos de vidros transparentes.
Contentor Verde
Colocar:
- Garrafas e garrafões
- Frascos e boiões de vidro
Não colocar:
- Espelhos
- Lâmpadas
- Loiça de vidro
- Copos
- Vidros de automóvel
- Cerâmicas
- Porcelanas
- Tampas de garrafas e acrílicos
Dicas:
- Limpe os itens antes de reciclá-los. É importante enxaguar os resíduos de comida ou bebida antes de separar os itens para o lixo. Limpar os materiais facilita a reciclagem e contribui para que não gerem cheiro desagradável no seu lixo. Outro ponto positivo é que uma reciclagem limpa não atrai insetos.
Duvidas frequentes:
Descobri medicamentos fora de prazo em casa. Posso pôr no lixo?
Os medicamentos possuem substâncias que precisam de ser neutralizadas de forma segura. Por essa razão, não devem ser postos no lixo nem deitados para a sanita. As embalagens dos medicamentos (cheias ou vazias), bem como os respetivos frascos, blísteres, colheres ou copos-medida, devem ser entregues na farmácia ou parafarmácia. Não devem ser incluídas nestes resíduos seringas nem agulhas, pois estas precisam de ser depositadas em recipientes próprios em farmácias ou em instituições de saúde.
A Valormed – Sociedade Gestora de Resíduos de Embalagens e Medicamentos é a entidade responsável pelos resíduos de medicamentos. Depois de separadas segundo os materiais, as embalagens seguem para reciclagem, e os medicamentos, para incineração. Quando entregar na farmácia ou parafarmácia, acondicione de forma a evitar o derrame de qualquer produto.
É também na farmácia que devem ser entregues as radiografias. Consulte a sua para saber se estão a aceitar. Todos os anos, a AMI (Assistência Médica Internacional) lança uma campanha de recolha e reciclagem.
Posso despejar na sanita o óleo da fritadeira?
Deitar os óleos de fritura usados pelo ralo do lava-loiça ou pela sanita tem um impacto gravíssimo, que começa logo em casa: as canalizações correm o risco de ficarem entupidas, com custos elevados de reparação e manutenção. Além de poluir o ambiente, provoca problemas nos sistemas de tratamento de águas residuais. Quando eliminados de forma descontrolada, estes óleos constituem um potencial perigo de contaminação, quer dos solos, quer das águas, tanto ao nível de aquíferos como das ribeiras e águas do mar.
Os óleos alimentares usados podem ser valorizados em produtos como biodiesel e sabão, sendo por isso essencial proceder à recolha seletiva e encaminhá-los para destinos adequados. Mil litros de óleos alimentares usados permitem produzir entre 920 e 980 litros de biodiesel, combustível que apresenta índices de emissão de dióxido de carbono que podem ser 80% mais baixos do que os emitidos ao utilizar gasóleo.
Para substituir o óleo da fritadeira, após a última utilização deixe o óleo arrefecer, despeje-o com a ajuda de um funil numa garrafa de plástico usada, coloque um autocolante, identificando “óleo alimentar usado”, e armazene-a até ficar cheia. Depois, entregue-a num súper ou hipermercado que possua um oleão ou coloque-a num dos já disponibilizados na via pública do seu município.
Tenha atenção que não deve misturar óleos alimentares com óleos lubrificantes. Os óleos lubrificantes são considerados perigosos e a mistura vai impedir a valorização do óleo alimentar usado (veja mais abaixo onde deve colocar este resíduo). Quando colocar o óleo alimentar na garrafa é também importante que não misture restos de alimentos.
E os lenços de papel? Devo deitá-los no lixo indiferenciado ou no papelão?
Só se pode pôr no ecoponto azul (ou “papelão”) papel e cartão limpo. Os restantes resíduos, como autocolantes, papel de cozinha e lenços de papel usados, devem ir para o lixo indiferenciado. As substâncias que se encontram nestes papéis sujos, sobretudo quando têm cola ou gorduras, não facilitam a tarefa na altura de os reciclar. Os invólucros de plástico que envolvem as revistas devem ser colocados no ecoponto amarelo.
Uma caixa de cartão de piza, desde que não se encontre muito suja de gordura nem com restos de comida, pode (e deve) ser colocada no ecoponto azul. Mesmo que a parte de baixo da caixa de piza se encontre demasiado suja, o consumidor pode sempre separar a parte de cima (por norma, está limpa) e colocá-la no ecoponto azul, pondo a parte suja no lixo indiferenciado.
Deposite no ecoponto azul papel que não possa ser reaproveitado (cadernos, jornais e revistas, desdobráveis, etc.) e cartão limpo (caixotes de supermercado, caixas de eletrodomésticos, etc.).
O espelho partiu-se. Posso depositar os estilhaços no vidrão?
Não, o ecoponto verde (conhecido por “vidrão”) destina-se apenas às garrafas, aos frascos e aos boiões de vidro. Os espelhos, os vidros das janelas, o cristal e as porcelanas não podem ser depositados no ecoponto verde. Estes materiais têm uma composição química diferente. Resistem a temperaturas mais elevadas, o que significa que não derretem à temperatura dos restantes vidros. Tal pode causar problemas durante a reciclagem. As lâmpadas (incandescentes, economizadoras, tubulares e LED) também não são consideradas vidro. As primeiras (as antigas, que possuem filamentos) podem seguir para o saco do lixo indiferenciado. Já as restantes exigem cuidados adicionais: devem ser colocadas em pontos de recolha específicos (disponíveis, por exemplo, em supermercados e grandes superfícies) ou entregues em ecocentros, tal como os pequenos eletrodomésticos.
As rolhas de cortiça têm também o seu destino: o “rolhinhas”, disponível em vários espaços comerciais. E não tem de lavar garrafas, boiões ou frascos antes de os depositar no ecoponto verde.
Posso deitar as pilhas no lixo comum?
As pilhas não podem ser misturadas com o lixo comum. Fazem parte do que denominamos pequenos resíduos perigosos. Se forem antigas, poderão conter mercúrio e cádmio, metais pesados muito poluentes e nocivos. Coloque-as nos contentores específicos para estes tipos de resíduos disponíveis nos súper e hipermercados, retalhistas e outras entidades, e nos ecocentros. Depois de recolhidos, as pilhas e os acumuladores usados serão transportados para uma entidade licenciada, onde é feita a separação por tipo de resíduo e o encaminhamento apropriado para as unidades de reciclagem. Se tiver dificuldade em encontrar um contentor específico perto de si, consulte os sites das entidades gestoras licenciadas para este tipo de resíduos (Electrão e ERP Portugal).
Quanto aos telemóveis, tablets, computadores e dispositivos semelhantes, os fabricantes devem conceber os aparelhos de modo que as respetivas pilhas, as baterias e os acumuladores possam ser facilmente removidos e de forma segura, caso seja necessário trocar. No final de vida do produto, este deve ser encaminhado para reciclagem mantendo pilhas, baterias e acumuladores no seu interior. Por conterem substâncias perigosas, como mercúrio, chumbo e cádmio, não podem ser depositados juntamente com os restantes resíduos.
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