Geral Opinião

Decapitar lideranças não acaba com o terrorismo

Uma das características mais relevantes dos movimentos terroristas, reside no facto de estes estarem organizados em rede, ao contrário de qualquer estrutura piramidal, a estrutura em que normalmente se organizam as Forças Militares.

A flexibilidade que tem uma estrutura em rede permite, que as células ajam independentemente umas das outras, como qualquer rede social, que como podemos ver, a propósito dos recentes tumultos em Lisboa, os incidentes não precisam de comando e controlo para deflagrarem.

Decapitar a liderança do Hamas ou do Hezbollah, não resolve o problema do ponto de vista operacional, pois as células não precisam de comando e direção centralizada para atuarem, agem sozinhas, independentemente, e de repente também podem atuar em conjunto, se forem atrás duma ideia propalada por uma das células.

Esta forma de atuação em rede, não dirigida, é algo que custa a perceber, quer aos militares, quer aos políticos, quer mesmo aos jornalistas, que nas notícias que emitem normalmente se expressam sobre o assunto, com uma grande perplexidade quando relatam, que estes mesmo decapitados continuam operacionais.

Matar as lideranças políticas, poderá ser, inclusive, contraproducente, pois só faz crescer a ira contra o inimigo, e simultaneamente, pode fazer com que os políticos estatais fiquem sem ninguém, com carisma e capacidade de negociar, um qualquer cessar-fogo, provocando indiretamente, uma maior adesão a esses grupos terroristas de um maior número de recrutas.

Nuno Pereira da Silva
Coronel na Reforma

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Nuno Pereira da Silva

Coronel de Infantaria na Reserva

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