Longe vão as difíceis negociações Berlim Plus entre a NATO e a UE, em que participei, onde cada delegação falava para seu lado, raramente se encontravam pontos comuns, e em que o país mais interessado na UE era a Turquia, porque dessa forma, conseguia saber oficialmente o que se estava a construir na Europa do ponto de vista da Política Comum de Segurança e Defesa (PCSD), e da Política Europeia de Segurança Comum, que a enquadra e enquadrava.
Longe vai o tempo em que eu tentava assessorar, quer o Diretor-Geral de Política de Defesa Nacional, quer o CEMGFA, defendendo que, tanto na NATO como na UE, o que se estava verdadeiramente a fazer era aumentar as capacidades militares nacionais. Sendo estas capacidades de natureza nacional, o Estado português, caso as possua, poderá querer empregá-las tanto no âmbito da NATO como no da UE, ou seja, tanto fazia adquiri-las no quadro do Planeamento de Defesa da NATO, como no âmbito do Mecanismo Europeu de Desenvolvimento de Capacidades da UE.
Hoje, ao ouvir Ursula von der Leyen e Mark Rutte falar em conjunto na Cimeira da NATO sobre as indústrias de defesa europeias e a necessidade de investimento na área da defesa, fiquei agradavelmente surpreendido pela comunhão de opiniões. Trata-se de algo importante e relevante: investir em capacidades militares nacionais europeias garante autonomia estratégica à União Europeia e, simultaneamente, fortalece a NATO como um todo.
Nuno Pereira da Silva
Coronel na Reforma

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