Desde que o homem, como ser racional que é, teve a percepção de que a sua vida era finita, que tem medo do fim, tem medo do desconhecido, tem medo da morte.
Os mais metafísicos têm esperança numa vida para lá da vida terrena, os outros não.
Todos têm em comun o medo do sofrimento que a morte pode provocar, o medo do desconhecido, de algo que não controlam.
Com a Pandemia do Covid-19, o número de mortos é algo que é apresentado diariamente como um dado estatístico, e todos os dias os media, passam imagens tétricas de amontoados caixões nas abarrotadas e improvisadas morgues de Itália, ou de Espanha, de enterros sem possibilidade de terem na despedida os entes queridos e os amigos e sobretudo de imagens das UCI dos hospitais abarrotadas com doentes a necessitar de respiração assistida para viver, enquanto que constantemente relembram que não existem ventiladores para todos, e que alguns vão ter que ficar para trás agonizando com falta de ar.
A repetição à exaustão deste tema é um autêntico massacre, que só serve para provocar o pânico nos mais idosos, e nos grupos de risco e famílias que já só se imaginam, e os imaginam, a morrer sufocados, facto que não contribuí em nada para a sanidade mental da população, que vive atemorizada desde o primeiro caso de Covid na China, e vão assim continuar a viver por mais uns meses.
A exploração jornalística e comercial do medo é, em minha opinião, um erro crasso, pois nesta altura os media deviam estar a ajudar essas pessoas, acalmando toda uma sociedade em pânico, que com medo pedem às autoridades que tomem medidas muito restritivas da liberdade, como se essas, por si só, fossem a redenção, ou o milagre que anseiam.
Esta Pandemia é a primeira que é global, e em que existe informação e contra-informação, notícias falsas e verdadeiras, que se confundem, difundidas ao minuto, ao segundo, matraqueando inutilmente a população.
Gostaria de relembrar que, o medo do fogo do Inferno subjugou a sociedade Medieval ao poder da Igreja, que culminou na terrível repressão da Inquisição, que o medo é a arma usada pelos terroristas Islâmicos, que espalham o terror pelo terror nas sociedades democráticas Ocidentais, que o medo do Covid já levou a que na Hungria a autocracia se vá paulatinamente instalando ao retirar a liberdade de expressão, e que o medo poderá no futuro fazer com que permitamos que nos controlem todos os movimentos e comunicações, em suma que o medo é inimigo das democracias liberais ocidentais.
É difícil ganhar-se uma guerra quando esta é difundida ao minuto. Em qualquer guerra é necessário controlar a informação, para que esta não seja perdida na retaguarda, ou seja entre aqueles que têm que dar força e ânimo aos que estão na frente e não ao contrário.
Numa guerra respeita-se o inimigo, avaliam-se permanentemente e em consciência os riscos, e dá-se-lhe o combate adequado, sem medo.
Termino frisando que é necessário respeitar o que a DGS recomenda, e sem entrar em pânico, pois se o fizermos, todos ganharemos esta guerra, que tem várias batalhas, muito duras ainda pela frente.
Nuno Pereira da Silva
Coronel de Infantaria na Reserva
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