Não sou especialista nem economia nem em finanças públicas, pelo que não disponho de ferramentas científicas para analisar as consequências da Pandemia na crise económica mundial, facto que, ao contrário das áreas de política, estratégia e Segurança, a opinião que vou tentar dar tem o valor da de todos os treinadores de bancada deste país.
Afligem-me atualmente duas situações essenciais em termos estratégicos, a ela adstritos nomeadamente a extraordinária dependência energética da Europa, e a sua dependência de produtos industriais essenciais para poder sobreviver em caso de crise.
A crise pandémica, em que vivemos atualmente, revelou-me aquilo que temia, a maior parte do tecido empresarial português, e europeu, embora viável em termos económicos, não tem capacidade financeira, nomeadamente de tesouraria, para poder parar a sua atividade, nem sequer pelo período de um mês, sem precisar de apoios estatais para serem viáveis, o que só demonstra, que na prática, são empresas que vivem sempre com o Credo na boca, o que é uma situação inaceitável, pois as empresas têm que ter, em minha opinião, uma liquidez mínima obrigatória em termos legais, ou seja o seu capital social não pode ser fictício.
Em relação ao setor da distribuição alimentar, não entendo as suas queixas uma vez que têm tido muito maior consumo, devido ao açambarcamento de alguns produtos na fase inicial da pandemia, bem como às empresas de bricolage que apesar de abertas ao público têm aproveitado para proceder a despedimentos.
Em relação à agricultura, sei da dificuldade em fazer novas sementeiras, por falta de adubo e sementes, que normalmente vêm de Itália, no entanto os subsídios da Europa são normalmente tão significativos, pelo que o aproveitamento da CAP para se queixar do sector, nesta altura de crise, deixa-me perplexo.
Já sabia pela minha atividade que o sector aeronáutico e aero-espacial estavam a desenvolver um trabalho extraordinário em portugal, com empresas tecnológicas normalmente sedeadas no interior do país, facto que se confirmou, nesta crise, ao verificarmos a sua grande flexibilidade, tendo rapidamente reconvertido a sua produção para produzirem ventiladores. Valha-nos isso, nem tudo se queixa e exige a intervenção do estado, de que tanto se gabam de ser independentes, mas do qual são normalmente o seu contrário.
Como dizia o Salvador Dali, senão fosse um pintor surrealista, gostaria de ter sido economista, por ser também uma atividade surreal.
Nuno Pereira da Silva
Coronel de Infantaria na Reserva
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