O professor Adriano Moreira ensinou-me que não se deve fazer uma análise prospectiva a menos de 10 anos, pois corremos o risco de falhar e consequentemente perder a credibilidade.
Não vou seguir estas sábias palavras e vou arriscar, no sentido de tentar, com esta minha crónica, dar uma nota de esperança aos meus leitores.
Assim, de acordo com o que aconteceu na China, parece-me que daqui a três meses podemos considerar que a crise está finalmente a passar, o que quer dizer que em Junho podemos ter esperança de voltar aos poucos à normalidade.
A crise, desta vez, não tendo tido como causa o sistema financeiro, onde se inclui o sector bancário, não deverá trazer as mesmas consequências que a crise de 2008, devendo a recuperação económica ser mais rápida que a anterior.
Os Estados-membros da UE com défices baixos, poderão ora endividar-se sem pôr em causa os acordos firmados no âmbito da União. Portugal pode hoje dispôr de uma margem de 3% do PIB para face face à corrente crise.
O Tele-trabalho será uma das boas práticas que as empresas e os trabalhadores continuarão a priveligiar, dado ter ficado provado, durante os meses de isolamento, ser mais eficiente e igualmente eficaz para a maioria das empresas de serviços, facto que indiretamente ajudará a resolver os problemas de tráfico de acesso às grandes cidades e no interior das mesmas, consequentemente, a poluição a ele inerente, contribuirá para a sustentabilidade do planeta, diminuindo a pegada de carbono. .
O Tele-trabalho dará mais tempo a que as pessoas se dediquem às famílias, pois pelo menos, ganham o inútil e fastidioso tempo de deslocação para o emprego.
O e- comerce difundir-se-á ainda mais em detrimento do comércio dos Shoppings e mesmo do comércio tradicional, pois as pessoas habituar-se-ão a comprar dessa forma, durante o isolamento.
O e- learning deve começar cada vez mais a ser o meio priveligiado de ensino, pelo menos no ensino superior, dado que esta crise está a obrigar algumas Universidades e escolas a usar as suas já existentes plataformas para esse efeito, para não prejudicar o andamento do corrente ano letivo.
Haverá cada vez mais um recurso ao digital, e a tudo o que possa ser feito desa forma, em detrimento dos atendimentos tradicionais ao balcão, quer de serviços públicos, quer de entidades bancárias, quer doutras entidades privadas prestadoras de serviços.
As pequenas vilas periféricas às grandes cidades e até mesmo o interior dos países, ganharão outra vida pois desde que haja net, podemos quer trabalhar, quer estudar, quer comprar, quer comunicar, quer…
A China não deverá continuar a ser a fábrica do mundo para evitar disrupções de stocks, muito embora o preço da mão-de-obra seja mais barata.
A globalização abrandará indefletivelmente.
Em suma haverá mais tempo para a família, e a economia digital estará cada vês mais enraízada.
Em meu entender a crise vai ser dura, mas de curta duração e provocará uma grande mudança na sociedade atual.
Nuno Pereira da Silva
Coronel de Infantaria na Reserva.
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