Em julho, a NATO vai ter uma nova e importante cimeira perto das fronteiras da Rússia, nos países bálticos, os que mais estão suscetíveis de ser anexados pela Rússia, que sempre teve sobre eles pretensões territoriais, e que os ataca sistematicamente com ataques devastadores no domínio do ciberespaço, facto que os tornou os países europeus com mais capacidades no domínio da ciberdefesa.
Nessa cimeira vai ser definido o novo conceito estratégico da NATO, que desta vez terá de ter influência, em termos de incremento na estrutura de comandos e de forças da NATO, dado que a organização voltou a ter a Rússia como inimigo, ou seja, toda a redução, ou dito de forma mais política toda a racionalização que foi efetuada na organização nas últimas décadas, ou parte dela será revertida, o que implica um enorme esforço em termos financeiros dos países, quer no aumento do seu financiamento, quer no aumento das suas capacidades militares, quer no desenvolvimento da sua base industrial de defesa, ou seja, naturalmente os países vão ter de aumentar os seus orçamentos de defesa e comprometerem-se a investir no sector mais de 2% do seu PIB.
Outra das decisões que os líderes dos países da NATO vão certamente tomar é a admissão da Ucrânia à organização depois da guerra, pois será a forma, em termos políticos e estratégicos de afirmar, qualquer que venha a ser o desfecho da guerra no terreno, que a NATO ganhou a guerra contra a Rússia, dado que um dos objetivos declarados por Putin para a invasão ter sido definido explicitamente como impedir que a Ucrânia entrasse na organização.
A visita ontem efetuada pelo Secretário da NATO a Portugal, inserida no seu périplo por todos os aliados, teve como objetivo concertar posições com o governo português, para que o Conceito Estratégico da NATO e a entrada da Ucrânia na organização sejam aprovados na próxima Cimeira de Vilnius.
Nuno Pereira da Silva
Coronel na Reforma
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