Na festa anual do Carnaval, a corte estava reunida na imponente grandiosidade do palácio, onde o passado se mesclava ao futuro trazido por um enigmático convidado que ninguém viu mas que alguns dizem ter chegado no estranho coche a que chamavam carro.
Entre as sombras das salas mal iluminadas, cruzei-me com um monge imerso nas notícias que lia num jornal trazido do futuro, enquanto outro virava freneticamente as cartas do tarot, e um terceiro que se refugiava em pânico, num recanto escuro, do tumulto temporal da noite.
Os rostos, ocultos por mascarilhas, negavam identidades, enquanto os corpos se moviam velozes, como se dançassem ao ritmo do mistério que envolvia aquele lugar.
Entre patins de linha, medicamentos, brinquedos e óculos trazidos pelo convidado do futuro, a regra de ouro entre os convidados era: o que acontece esta noite no palácio, fica no Palácio, como um segredo sussurrado entre as paredes centenárias.
Este foi o enredo que naturalmente é ficção mas que poderia ser o argumento do evento que decorreu no sábado no Palácio Nacional de Mafra com uma animação intitulada “Carnaval no Palácio com cenas (quase) Reais” com a habitual colaboração Voluntários do Palácio que interpretaram vários “quadros” com a direção de Fernanda Santos que também se encarregou das visitas guiadas dos diversos grupos que se inscreveram neste evento.
Muitas histórias da época e das personagens que ali habitaram com detalhes insólitos, que faziam os visitantes “viajarem” para a atualidade com ligações divertidas feitas através de discretos elementos dos nossos tempos como uma torradeira na cozinha da enfermaria, medicamentos dos nossos tempos misturados com as mezinhas da história ou os patins em linha no chão da biblioteca ou mesmos os Legos com que a princesa brincava.
Quem teve oportunidade de participar neste evento, deu por certo o seu tempo bem empregue, pena a pouca divulgação que o mesmo teve, mas ficará por certo para uma próxima oportunidade.
Texto e fotografias de Carlos Sousa/ KPhoto
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