Faleceu em França o pintor e ceramista Manuel Cargaleiro, um dos nossos e mais bem cotados artistas lusos de sempre.
Cargaleiro foi um trabalhador incansável, que sabia promover-se, pois desde cartões de marcação de lugares, até baralhos de cartas, em todos os suportes possíveis e imaginários, divulgava a sua obra de excelente qualidade, que muito se inspirava nos azulejos árabes que estão por todo o lado disseminados na península Ibérica, mas mais especialmente no sul de Espanha.
As combinações de quadrados maiores e mais pequenos, e de cores, muito baseadas no azul, que pintava nos seus quadros, ou nos seus painéis de azulejos, em todas as matizes eram uma caraterística indelével da sua obra de abstracionismo geométrico.
Cargaleiro como todos os pintores da sua geração teve de sair de Portugal e emigrar para França, a meca da arte no seu tempo, que foi substituída atualmente por New York.
Quem não saía e não saia ainda hoje, deste retângulo, e tenha uma galeria internacional, com uma boa curadoria, que promova o artista em feiras de arte e que faça troca de artistas entre galerias, nunca sai, nem há de sair da cepa-torta pois nunca terá cotação nem reconhecimento do seu talento.
Faleceu um grande mestre e Portugal perde um dos seus melhores artistas, que está imortalizado para sempre nas paredes de azulejos que cobrem a estação de metro dos Campos Eliseos por onde passam milhões de pessoas anualmente.
Nuno Pereira da Silva
Coronel na Reforma
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