Geral Opinião

As respostas concertadas ao Imperador Trump

“Trump é uma dessas pessoas da história que aparecem de tempos a tempos para assinalar o fim de uma era”, esta é definição de Trump feita por Kissinger, que consubstancia em poucas palavras, o paradigma do que se está a passar atualmente nos EUA e no Mundo, depois da sua chegada de novo ao poder como Presidente dos EUA, e com a sua atuação disruptiva, narcísica, apostando em enxamear o mundo e os EUA de diretivas presidenciais, de informação, de desinformação, de notícias falsas, que pela sua exponencial quantidade, acaba por funcionar como a censura funciona nos países autocráticos, ou seja, é uma outra forma de censurar na era digital.

Tentando analisar algumas das respostas já dadas pelos diversos atores do Sistema Internacional, em relação ao anunciado neste sentido pela nova administração, parece-me que Trump vai conseguir exatamente o oposto do que desejava, nomeadamente que o futuro da guerra na Ucrânia ia ser discutida entre as duas potências, EUA e Rússia, sem a Ucrânia, e sem a Europa entendida como a UE e Reino Unido.

A resposta da UE  fez com que os líderes das Instituições Europeias, os Chefes dos Estados membros da UE, o do Canadá e o do UK, se reunissem em torno de Macron e da França, a única potência nuclear da UE, para reafirmar que: a UE e a Ucrânia, não poderão ficar de fora das negociações de paz, pois está em jogo a futura Arquitetura de Segurança Europeia; que a UE continuará a apoiar financeiramente e com material militar a Ucrânia, substituindo o apoio que Trump suspendeu; que estava pronta para participar numa operação de Petersburg, ao longo da zona de separação, a definir entre a Ucrânia e a Rússia, o que de acordo com o que está consignado neste tipo de Operações, estas terão de ser mandatadas pela ONU.

Estas reuniões, já fizeram com que as ações das Indústria de Defesa Americanas descessem, e que subissem as das Indústria de Defesa Europeias, que já começaram a laborar intensamente para fornecer a Ucrânia, e que certamente também irão rearmar todos os Estados membros, que vão nelas investir os 5% que Trump exige de aumento de investimento na defesa a todas as nações NATO, pois havendo mercado, nunca há problemas com a produção Industrial.

A resposta da Ucrânia , por sua vez já teve lugar, com a recusa de assinar o documento , que Trump a queria obrigar a assinar, relativamente à cedência da exploração das terras raras como contrapartida do apoio dos EUA na guerra, e com a procura de outros financiamento nos países árabes, para além de se virar para a UE como boia de salvação, para não aceitar uma vergonhosa rendição à Rússia.

A China por sua vez pronunciou-se pela primeira vez, no sentido defender a posição, de que nem a a Europa nem a Ucrânia, poderiam ficar fora destas negociações.

Trump, com estas respostas às suas políticas parece-me que já perdeu, os negócios que planeava estabelecer  com os acordos de cessar-fogo da Ucrânia, a única perspectiva estratégica que lhe interessa, nomeadamente: à cedência de terras raras como compensação dos esforços dos EUA durante a guerra; o monopólio do fornecimento de armamento à UE e à Ucrânia e parece-me que não conseguirá vir a ter o monopólio da reconstrução das infraestruturas da Ucrânia.

Em termos prospetivos parece-me que a Europa e a China vão intensificar as suas relações comerciais, para fazerem face à prometida guerra de tarifas, e que a Europa vai também ter que finalmente ratificar o acordo com o MERCOSUL.

Nuno Pereira da Silva
Coronel na Reforma

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