Vamos ver se desta vez os EUA não conseguem desunir a União Europeia, como normalmente acontece, já que desta vez, a sua política insana e aparentemente errática, está a ser racionalmente criticada “urbi at orbis”.
Aquando da invasão do Iraque, pouco depois da entrada do Euro, em que a Europa parecia estar unida em torno dum objetivo económico e de maior integração, inesperadamente Portugal, Espanha e o Reino Unido, resolveram politicamente, quebrar a unidade europeia e apoiaram uma invasão ilegal dum país soberano, algo que caiu que nem uma bomba em Bruxelas, pois a UE, tem como princípio, não entrar em nenhum Teatro de Operações, sem que tenha havido previamente uma resolução da ONU, que a legitime.
A economia europeia é sólida, no entanto qualquer aumento de tarifas em 10%, fará diminuir o PIB europeu em 1%, o que associado à imposição da nova administração americana, de que cada nação NATO, tem de investir 5% em defesa, como condição para que a organização coletivamente continue a unida e a garantir a segurança e defesa da europa, poderá colocar em causa a estabilidade de economia da UE.
Qualquer negociação da UE com os EUA ter em conta os dois fatores referidos, tendo estes, em minha opinião, que ser negociados em conjunto, pois as duas negociações em separado, levariam a uma diminuição drástica do PIB europeu, numa altura de crise económica na Alemanha e França.
As negociações com a NATO, em minha opinião, em termos de planeamento de defesa, e de futuras aquisições de sistemas e meios militares, “procurement”, deveriam também, passar a ser feitas em bloco, ou seja, pela UE, em vez de ser, nação a nação, para que a UE possa garantir que o somatório das capacidades de todos os seus Estados-membros, lhe possam vir a conseguir adquirir alguma autonomia estratégica em relação à NATO.
A União Europeia já tem um mecanismo de desenvolvimento de capacidades militares, que integradamente faz um trabalho mais transparente, dado que em todos os seus passos, há uma colaboração direta de todos os estados-membros, ao contrário da NATO que no seu ciclo quadrienal de planeamento de forças, é a organização que define, qual é o somatório de capacidades militares e meios militares, que necessita de adquirir, e impõem a cada nação individualmente, que meios é que estas têm obrigatoriamente de adquirir, independentemente da necessidade de cada uma, bem como todos os anos as inspeciona, por forma a verificar o se estas estão, ou não a cumprir, para pressionar duramente, quem as não estiver a cumprir.
O somatório de forças, capacidades e meios que a NATO como um todo tem que ter, no final do quadriénio, não garante que o somatório das capacidades de todos os estados-membros, possa trabalhar autonomamente.
Nuno Pereira da Silva
Coronel na Reforma
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