Opinião

As identidades clubísticas forjadas no ódio

As identidades não são inatas, são algo que vamos adquirindo ao longo da vida, fruto da educação e do meio ambiente onde vivemos e crescemos.

As identidades estão relacionadas com o sentido de pertença a um determinado grupo, que pode ser familiar, tribal, étnico, religioso, clubístico, regional, nacional e supra-nacional.

As identidades muitas vezes, na maioria delas, forjam-se no ódio ao outro, ao diferente, sendo estas muitas vezes acicatadas interna ou externamente no sentido de o não aceitar, de não aceitar o diferente, sendo esse ódio e essa intolerância, muito negativos na formação da personalidade dos jovens, com consequências nefastas ao longo da vida.

Quem não se recorda do provérbio, que de Espanha não vem bom vento nem bom casamento, e de toda a história pátria ensinada na minha juventude, fomentando o ódio aos nossos vizinhos, tendo em vista criar a nossa identidade como nação.

Vem esta crónica a propósito de me terem contado que, um determinado miúdo com cerca de 8 anos, no dia em que o Sporting Clube de Portugal ganhou o campeonato nacional de futebol, tinha passado parte do dia a chorar, não porque o seu Benfica não tinha ganho, mas porque não podia pensar que o seu clube rival o tinha feito.

Assim não vamos lá como povo, fomentando a intolerância e o ódio ao diferente, em vez de ensinamos a respeitar as diferenças e de termos desportivismo suficiente para cumprimentar os os nossos rivais.

Nuno Pereira da Silva

Coronel de Infantaria na Reserva