Geral Opinião

As associação de militares não representam os militares, só representam os seus associados

Foto: Coats

Os militares das Forças Armadas constitucionalmente não podem pertencer a nenhum partido político, não podem ser sindicalizados, não podem fazer greves, entre outras limitações aos direitos, liberdades e garantias, que a generalidade dos cidadãos tem.

Os militares ao jurar bandeira, e ao confirmar esse juramento nos seus juramentos de fidelidade, quando ingressam no Quadro Permanente, juram a constituição e morrer pela pátria se tal for exigido.

A morte é a maior dádiva que alguém pode dar pelos outros, sendo essa a essência da vida militar e o que consubstancia a essência da vida militar.

Por ser uma profissão de alto risco e de desgaste rápido, aos militares é permitido por estatuto reformarem-se mais cedo, pois não é possível ser operacional e fazer operações militares a partir dos sessenta anos.

Por não haver sindicatos nas Forças Armadas, por ser inconstitucional, aos militares é permitido que se associem, única e exclusivamente, para tratar de assuntos não operacionais e de apoio social a si e à sua família, missão não compatível com algumas proclamações e ameaças de contestações ilegalmente, proferidas na última semana, pelo Presidente da Associação de Sargentos, a propósito do aumento do subsídio de risco, em linha com o da Polícia Judiciária, algo inadmissível, ilegal e inconstitucional, não compatível com o regime democrático em que vivemos.

Nunca fui associado na vida ativa, nem na reforma porque considero que sempre tiveram uma conotação muito próxima de partidos radicais de esquerda, e porque nunca surgiu uma pluralidade associativa, ou seja, uma outra associação de outro cariz ideológico, muito embora reconheça que um dos presidentes, o coronel Alpedrinha Pires, não tenha sido dessa área ideológica, e tenha servido com espírito de missão.

Os militares associados das atuais associações de oficiais, de sargentos e de praças representam uma percentagem mínima de associados e não falam, nem podem falar em nome de todos.

Contestações e ameaças proferidas por militares não podem existir, pois as armas que dispomos são para defender a pátria, e não para ameaçar um regime democrático, cujos principais órgãos de soberania são eleitos pelo povo em urnas.

Em regimes democráticos consolidados os militares não fazem revoluções contra o povo, nem ameaçam o poder.

Nuno Pereira da Silva
Coronel na Reforma

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