Angola continua a ser um país adiado, muito embora tenha riquezas naturais de grande valor, desde o petróleo, diamantes e outros minerais importantes para o desenvolvimento tecnológico global, bem como enormes capacidades para a agricultura e turismo, com paisagens idílicas e reservas naturais inexploradas, enfim, quase tudo o que Portugal infelizmente não possui.
A nossa colonização de território terminou há cerca de cinquenta anos, data que devemos assinalar nestas cerimónias comemorativas do 25 de abril, que se prolongam até 2026, quando se comemoram os cinquenta anos da Constituição de 1976.
Nessas comemorações além de revisitarmos essas datas relevantes e de certa forma traumáticas, deveríamos repensar as nossas relações com os PALOPs no sentido de cooperarmos mais estreitamente com esses países, em todas as áreas, pois é necessário que juntos continuemos a criar “massa crítica”, para num mundo global possamos ter uma voz mais ativa.
O excedente que ora temos em termos de quadros superiores, saídos das nossas universidades, poderá ser importante para colocar os nossos jovens quadros, e assim ajudar a desenvolver esses países, e neles criar quadros próprios, a sua maior lacuna, muito especial em Angola, a província com quem temos uma afinidade especial, onde desde a educação à formação tudo é necessário e tudo faz falta.
A cooperação baseada na educação e formação é algo onde podemos e devemos cooperar, sem aquecer que a cooperação tem de ter dois sentidos, ou seja, ser vantajosa para ambos os países, formando novas elites e profissionais qualificados, que sejam capazes de substituir as elites militares, onde por causa das sucessivas guerras, como em todos os países do sul global saídos de sucessivas guerras, houve por necessidade grande investimento na sua educação, a sua a formação, razão pela qual quando as guerras terminam estes sejam as únicas elites com educação e formação, embora não adequadas para assumirem a governança e o mundo dos negócios, o que leva a que não tenham capacidades adequadas para conseguirem desenvolver os seus países sem cometerem erros-crassos.
A cooperação nessas áreas é pois fundamental, e a língua que partilhamos é a grande mais-valia que possuímos para esse efeito.
Angola infelizmente está a atravessar uma crise financeira grave, e para conseguir superá-la está a endividar-se, está a empenhar os seus ativos futuros, ou seja, já vendeu as suas reservas de petróleo aos chineses e outras riquezas minerais, correndo o risco de a assim continuar nunca conseguir caminhar no bom sentido, no sentido do desenvolvimento e da prosperidade.
Nuno Pereira da Silva
Coronel na Reforma
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