Nancy Pelosi, a presidente da Câmara dos Representantes dos EUA e terceira figura dos EUA, visitou ontem oficialmente a Ilha Formosa, como foi designada pelos portugueses, ou Taiwan, como atualmente é conhecida esta ilha situada no Mar da China.
A ilha é em tudo independente da China, não sendo território chinês desde finais do século XIX, quando foi colonizada pelo Japão, muito embora só tenha sido refúgio dos nacionalistas chineses, liderados por Chiang Kai-Shek aquando da sua fuga da China, onde era presidente do país, na sequência da longa marcha de Mao Tsé Tung e da sua revolução cultural, que o afastou do poder, no final da década de quarente do século passado, presidindo posteriormente aos destinos da Ilha entre 1950 até 1975.
A China nunca quis reconhecer a independência de Taiwan, pois defende a existência de uma só China, que engloba a ilha, pressionando a comunidade internacional a também o não fazer, ou seja, Taiwan é um Estado na prática independente da China, mas que o não é estatutariamente, não sendo por isso reconhecido oficialmente, embora o seja oficiosamente, pela maioria dos Estados com quem tem relações comerciais. É um estado que é sem ser, nem Shakespeare o definiria melhor.
O facto de Pelosi ter visitado a China, no périplo que está a fazer pela Ásia, foi considerada uma provocação pela China, algo que a líder da Câmara dos Representantes sabia à partida, mas que não quis deixar de fazer, pois quis afirmar a sua autonomia em relação ao executivo americano, que não se deixava intimidar pelo Presidente chinês, e que politicamente estava sempre do lado das democracias, como a de Taiwan contra as autocracias como a chinesa.
Na região encontra-se uma esquadra americana de prevenção, pois Taiwan é atualmente uma zona de previsível confronto com os EUA, que embora reconhecendo oficialmente a integridade territorial da China, já afirmou estar disposto a defendê-la em caso de invasão.
Nuno Pereira da Silva
Coronel na Reforma
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