“Temos de ser capazes de fazer chegar à sociedade portuguesa a seguinte mensagem: ninguém é feliz ou pode ser feliz fingindo que não existe pobreza ao seu lado. Ou, dito de outra forma: é uma vergonha nacional, sermos, em 2017, e agora já em 2018, das sociedades mais desiguais e com tão elevado risco de pobreza na Europa. Eu tenho vergonha”.
Disse Marcelo Rebelo de Sousa Presidente da República, num debate, na Gulbenkian, em Lisboa, falou bem, como aliás sempre faz. Sou fan deste tipo de abordagem de assuntos importantes e sem burocracias.
Mencionou também que, “para o Instituto Nacional de Estatística (INE), em 2016, o risco de pobreza, medido só por rendimentos líquidos inferiores a 454 euros por mês, baixara de 19% no ano anterior para 18,3% “, enquanto “para o Eurostat atingia 2 milhões e 600 mil pessoas, ou seja, 25,1% da população em 2016, e em 2017 esse número teria baixado para 2 milhões e 400 mil pessoas, 23,3% da população”.
“Pior do que nós, na Europa, só a Bulgária, a Roménia e a Grécia”.
A preocupação dos governos é exclusivamente o “défice” ser de X, valor esse, que não engloba a pobreza. Ora seria uma boa ideia criar um índice de pobreza e integrá-lo no défice, só assim a solução passaria pelos governantes.
E como ninguém fala, nem os jornais, ditos de referência, convém alertar para os novos pobres, que surgem após a crise, agora já com idade avançada, estão completamente na miséria. E diariamente aparecem ainda mais.
Quem são?
São todos os que eram “patrões” na altura da grande crise, empresas grandes e pequenas encerradas, depauperadas, sem dinheiro, nada receberam, e agora tempos passados, as dividas cresceram com juros, em processos de reversão para os antigos gerentes, com penhoras de bens, contas bancárias e da própria reforma.
Ora quem na idade de já não ter problemas, vê a sua pensão, única solução de sobrevivência penhorada para pagar problemas de anos atrás que nem sequer foram assuntos pessoais, mas infelizmente revertidos oficiosamente para nome pessoal o que faz?!
Existem casos de empresas que tinham três sócios, dois já morreram e como existe um vivo, esse paga “as favas” só por estar vivo.
Ora hoje, e após com sacrifício terem aguentado netos e filhos no desemprego só com a pensão, pequena ou grande, vêem agora essa mesma pensão e a casa penhoradas, passando à pobreza total, pois sem idade para trabalhar, desamparados e sem os bens materiais que lhe conferiam um mínimo de verticalidade e de conforto, estes são na realidade os Novos pobres que não estão nas estatísticas.
E nem sonham, nem sabem que fazer, sem forças,
sem nada a não ser vergonha de viver em Portugal.
Uma Opinião de Isabel Oliveira
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