Uma das consequências da guerra na Ucrânia, e que surge da necessidade de apoiar o país invadido ilegitimamente, é o incremento que esta veio dar ao desenvolvimento da base industrial de defesa europeia.
A Alemanha que no princípio da invasão mandou oitocentos capacetes para a Ucrânia. Como a sua contribuição para o esforço da guerra, está atualmente a ter um contribuição cada vez mais importante e com material moderno e sofisticado, facto que foi realçado pela visita de Zelensky à Alemanha no périplo que recentemente fez a vários países europeus.
A Alemanha que durante a guerra-fria esteve dividida e condicionada em termos de defesa, pois os aliados dela tinham receio, por causa das duas guerras mundiais por ela provocadas, três décadas depois da sua reunificação, começa a envolver-se no quadro da União Europeia e da NATO, numa guerra a nível de treino, de disponibilização de meios militares, de apoio logístico, que demonstram, que se quiserem e se empenharem podem ser a grande potência militar europeia, ou seja, rapidamente terão capacidade de se rearmarem e de se sustentarem em termos militares.
Esta guerra está portanto a fazer com que a União Europeia, liderada pela Alemanha e pela França que é uma potência nuclear, comecem efetivamente a ser os líderes duma Europa forte, que em breve se tornará um ator relevante no novo equilíbrio de poderes mundial, tornando-se autónoma, ou mesmo independente, efetivamente, da NATO, ou seja, com capacidades militares que lhe permitam deixar de ser um protetorado dos EUA, como tem sido desde o fim da ll Guerra Mundial.
Nuno Pereira da Silva
Coronel na Reforma
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