Geral Opinião

A Ucrânia não foi vencida militarmente, não se rendeu nem o vai fazer

Trump parece ter intenção de em 2025 pressionar a Ucrânia e Moscovo a iniciarem negociações de paz.

Tanto Moscovo como a Ucrânia  paradoxalmente parece estarem ansiosos e aliviados com essa perspetiva, pois a Ucrânia sem o apoio em material e económico dos EUA, e com problemas de recrutamento para poder recompletar a extensa frente de Batalha, poderá eventualmente soçobrar à ofensiva Russa, mas também a Rússia se encontra no limite de esforço, pois as sanções ocidentais estão a provocar problemas graves a nível económico, mas sobretudo financeiro, dado que está impedida de aceder ao sistema “Swift” para poder efetuar transações financeiras internacionais, e por esse facto está com dificuldades em ser ressarcida pelas suas exportações, para além de que se tornará impossível, a curto-praz, continuar numa economia de guerra, com gastos de cerca de 40% do PINB no sector da defesa.

A pressāo da administração Trump para se iniciarem negociações, e ao contrário da maioria dos analistas que ouço, nāo me parece que irá obrigar Kiev a render-se sem condições, pois essa posição é contrária aos interesses políticos e estratégicos dos EUA, que sāo perenes no tempo, e independentes das suas administrações, embora possam mudar de relevância, ou seja deixarem de ser vitais e passarem a ser importantes, ou mesmo secundários, o que no caso em apreço pode vir a acontecer.

A Europa nāo me parece que deixe de apoiar a Ucrânia financeiramente e em termos de apoio em material de guerra e a Ucrânia assim poderá continuar a adquirir material aos EUA, algo nāo é despiciendo para a economia Norte-americana, bem como poderá adquirir material na Coreia do Sul, que de certeza que o fará, até como forma de indiretamente desgastar o seu inimigo, a Coreia do Norte, que apoia direta e indiretamente a a Rússia.

As negociações diplomáticas de paz entre a Rússia e a Ucrânia, irão ser morosas e serāo discutidas ponto-a-ponto, e parece-me impensável que como resultado das mesmas, a Ucrânia volte a ser um estado satélite da Rússia à semelhança da Bielo-Rússia e mais recentemente da Geórgia, como parece ser a perspetiva de alguns analistas portugueses.

Nuno Pereira da Silva
Coronel na Reforma

Acerca do autor

Nuno Pereira da Silva

Coronel de Infantaria na Reserva

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