Nos últimos três dias fomos matraqueados com as notícias relativas às operações de salvamento do submersível Titan, ouvimos especialistas, analistas, que dissecaram o tema, que mobilizou recursos materiais, civis e militares de vários países ocidentais, que numa corrida contra o tempo tentavam desesperadamente salvar 5 pessoas excêntricas e milionárias, que têm como “hobby” desafiar os seus limites e arriscar a vida, numa espécie de jogo da roleta-russa.
Achei curioso toda a exploração mediática do acontecimento, qual “thriller” de Holywood, que ocorreu na vida real no Atlântico Norte, que entreteve e manteve as audiências planetárias em suspense, pois embora o resultado fosse o mais expectável para este tipo de situações, havia sempre uma possibilidade que ocorresse um milagre.
As audiências têm normalmente uma curiosidade mórbida, que desde as tragédias gregas são um dos temas mais explorados na literatura ocidental.
Foi realmente um espetáculo à escala global, desnecessário, excessivo, deplorável, que desvia as atenções das verdadeiras tragédias, que ocorrem diariamente pelo mundo, de que são exemplo os sucessivos naufrágios que ocorrem diariamente no Mediterrâneo, em que milhares de migrantes arriscam a vida para fugir à miséria e não como “hobby” de excêntricos como é o caso em apreço.
Nuno Pereira da Silva
Coronel na Reforma
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