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A sucessão de Francisco, pode passar por Tolentino de Mendonça

Foto: Getty Images

O Vaticano não tem Forças Armadas, não tem divisões, mas tem aquilo a que designamos por em Relações Internacionais por SOFT POWER, o poder de influência, o poder da palavra, que no caso do Papa, tem a força intrínseca dos milhões de crentes, espalhados pelo mundo, que acolhem as palavras do Papa, e ao intervirem na sociedade e na política normalmente a refletem nas suas ações diárias, por vezes até de uma forma irrefletida.

Este poder de influência do Papa e do Vaticano que dirige, confere-lhe um papel de charneira relevante na mediação e resolução de conflitos, e de guerras, algo que o torna num ator global de relevo , até porque a Igreja como Instituição, é também global, tendo o seu  clero, espalhado por todas as dioceses, organizadas em rede, um enorme  poder de influência nas sociedades em que se inserem.

A comunidade de Santo Egídio tem, neste sentido, tido um papel fundamental nesta busca pela paz, principalmente no sul global, de que destaco a resolução do conflito em Moçambique.

Como em todas as Instituições perfilam-se alguns cardeais para sucederem a Francisco, alguns de uma ala mais conservadora, outros de uma ala mais liberal, não se descortinando à partida qual a ala que vai ganhar, sabe-se no entanto que o cardeal Dom Tolentino de Mendonça é alguém considerado como uma solução de compromisso, pois em termos doutrinários alguns dos cardeais mais conservadores admiram-no pela profundidade das suas reflexões teológicas e filosóficas, enquanto que outros deles, delas não manifestam uma grande objeção, por outro lado os mais liberais também por ele nutrem alguma admiração, em termos de humanidade, simpatia e de prática, pastoral, vendo-o como alguém que se aproxima muito de Francisco, nesse sentido.

A solução por tudo o que referi pode passar por Tolentino, sendo esta a opção aristotélica, a opção do caminho do meio, a opção de compromisso, algo que normalmente diferencia os portugueses quando assumem uma posição de relevo no mundo.

Nuno Pereira da Silva
Coronel na Reforma