A sociedade digital é extremamente frágil em termos de segurança, quer ela seja física, quer seja Ciber, porque atualmente, tudo ou quase tudo se faz digitalmente, já não havendo, praticamente, nada em termos prestação de serviços que não seja digital, e mesmo em termos industriais dado que as indústrias de ponta, já podem dispensar a intervenção humana, só não o fazendo até hoje por questões de estabilidade e coesão social, pois é necessário manter empregos. A título de exemplo desde há quase três décadas que a Lexus fabrica viaturas , sem nenhuma intervenção humana.
Esta dependência completa do digital, e da internet, que permite que toda a informação flua entre estados, e entre continentes, baseia-se quase exclusivamente em cabos submarinos, que dada a sua extensão, e fragilidade, são completamente vulneráveis a ações de sabotagem, pois dificilmente se pode garantir a segurança física dos mesmos, nem em tempo de paz, e muito menos em tempo de guerra, pois esta vulnerabilidade, nessas alturas transforma-se numa ameaça à nossa forma de vida atual, bem estar e progresso.
As Marinhas, as Forças Aéreas, os drones e os satélites, ganham assim grande importância, para impedir que estas ameaças físicas se concretizem , no entanto a Investigação e Tecnologia também tem de estudar como se podem utilizar eficientemente, outro tipo de tecnologias, que possam diminuir a concretização dessas ameaças físicas, pois em termos de comunicações têm que ser capazes de tornar os cabos mais resilientes , e de estudar se estes se podem duplicar, ou triplicar, por forma a conseguir que o sinal da a net continue a por eles a fluir, assim como de estudar outros meios alternativos com igual eficácia, que só poderá ser feita à custa de melhores satélites de comunicações, de enxames de pequenos satélites, menos vulneráveis, do tamanho de bolas de futebol, que a I&T portuguesas e as nossas indústrias estão a desenvolver e em fase de experimentação.
O espaço marítimo português ganha nova importância em termos estratégicos, pois pelo nosso espaço passam a maioria dos cabos submarinos que ligam a Europa a outros Continentes, nomeadamente a África e às América.
O nosso Centro de Excelência Marítimo da NATO, instalado no Instituto Hidrográfico da Marinha, tem neste sentido de estudar novas formas de resiliência destes cabos que têm amarrações em Portugal, e de todos os outros no espaço de interesse da NATO.
Nuno Pereira da Silva
Coronel na Reforma
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